sábado, 31 de agosto de 2013

Ameaçara-o partir um dia... Disse-lho mil e oito vezes, contara-as uma a uma, como que se fosse a última vez... Fê-lo hoje... Não deixara de o amar, mas às vezes o amor não chega. Já há muito a deixara de a fazer rir, pensou que o sorriso sempre fora dela, mas afinal, ela devia-lho. Pensou em deixar-lhe uma carta... Uma carta de despedida, afinal todo o tempo que passaram juntos foi o suficiente para a vida de quem se contentasse com pouco. Queria deixar bem explícito, de forma a não lhe deixar a dúvida de que o amor não desaparecera, apenas se tornara insignificante. Não sabia bem como começar, afinal foram 9 anos de eternas promessas, promessas sinceras. Promessas que se não perdem nem se esquecem, promessas que ainda o poderiam vir a ser. Podia não ser um fim, embora parecesse uma despedida. Queria salientar que ele fez dela a pessoa mais feliz do mundo durante aquele tempo. Só deixou de fazer sentido, quando o sentido dele não era fazê-la feliz. Então escreveu "Para sempre" e nunca mais voltou.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Tem dias que sim, tem dias que não, mas tem dias

Às vezes diz-se uma coisa e sente-se outra, outras vezes não se sente e diz-se sentir, outras vez sente-se e não se diz nada... E inconscientemente dizemos o que não queremos, sentimos o que não dizemos, dizemos o que não sentimos. E no meio de tudo isso, não se diz, não se sente e não se quer! E assim se vive como se se não quisesse. E assim se morre como se se não tivesse vivido!

Wanna be a writer??

"Se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.

e nunca houve."

Charles Bukowski

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Um obrigado

Era uma noite, uma noite como tantas outras que passaram a contar estrelas por entre as nuvens, quase como que incendiadas pelo luar forte de uma noite quente de Verão. Deitados em cima do carro lá continuavam a contar estrelas, que se perdiam por entre aquelas nuvens pesadas, alaranjadas, quase como labaredas. Juravam o seu amor às estrelas, para que fossem testemunhas daquele momento, outro momento. Distraídos em cima do carro, mal se apercebiam de que as nuvens, afinal mais não eram que uma cortina de fumo, fumo próximo, o calor fazia-se sentir e assustados percebiam que não era do momento. Quando desceram das estrelas, perceberam que afinal se encontravam cercados por um fogo... Um fogo provocado por mais um delinquente que achou ser um bom dia para incendiar o céu que lhe não pertencia, era deles, dos que estavam em cima do carro. Estavam agora no chão, encurralados, o fogo havia-os cercado, afinal, estiveram ali horas a contemplar as nuvens, as estrelas, para tarde perceberem que a beleza daquelas nuvens mais não eram que a doce imagem que os embalou até ao seu fim. Embalados por uma cortina de fumo, que se não fazia cheirar. Distraídos, gritaram, sem esperança, quase como que num grito de Adeus, quase como que para se despedirem do mundo, dum mundo, onde o seu assassino sairia, mais uma vez, impune. Já haviam aceitado o seu triste fim, respirar já lhes não era fácil, caíram. Perderam os sentidos, ao menos morreriam inconscientes, inconscientes como aquele delinquente anónimo que o será para sempre, enquanto eles seriam notícia de um jornal durante uns dias. Até que uns super heróis, desconhecidos, porque ninguém os quer conhecer, heróis que usam máscara e se mostram ao mundo. Anónimos, desvalorizados e no entanto a lutar. Os bombeiros. Os bombeiros a que até este casal não daria valor algum. Chegaram, atravessaram um mar de chamas, sem medo, sem ondas, só com monstros e fantasmas de outros que não tiveram tanta sorte nesta luta desumana. Salvaram-nos. Devolveram-nos às suas promessas às estrelas, sem pedir nada em troca, só por vontade e prazer de salvar, aqueles que lhes não dão valor algum. Diz-se também que o próprio incendiário foi por eles salvo, acabou por se perder no caminho de casa. Mas ninguém sabe, porque nem notícia de jornal chegou a ser. Estes heróis desmascarados continuaram anónimos. E voltaram para mais lutas injustas, para salvar mais uns quantos, só porque sim. A vocês todos... Um obrigado!!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

"Ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e 
eu esteja aqui estaremos sempre no
mesmo sítio se fecharmos os olhos 
serás sempre tu e tu que me ensinarás
a nadar seremos sempre nós sob 
o sol morno de julho e o véu ténue 
do nosso silêncio será sempre o 
teu e o teu e o meu sorriso a cair 
e a gritar de alegria ao mergulhar 
na água ao procurar um abraço que
não precisa de ser dado serão 
sempre os teus e os teus e os meus
cabelos molhados na respiração 
suave das parreiras sempre as tuas 
e as tuas e as minhas mãos que não
precisam de se dar para se sentir
ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e
eu esteja aqui estaremos sempre
juntos nesta tarde de sol de julho
a nadarmos sob o planar sereno dos 
pombos no tanque pouco fundo da 
nossa horta sempre no tanque fresco
da horta que construíram para nós 
para que na vida pudéssemos ser 
mana e mana e mano sempre".

A letra é propositadamente pequena, porque o
significado é, de facto enorme, obrigado...

sábado, 24 de agosto de 2013

Zero

Sentido

Perdes-te, a vida parece querer enganar-te, os que te rodeiam parecem não te dar sentido, confundem-te. Os dias caem uns a seguir aos outros e o caminho parece não se revelar. Aos poucos vais desistindo, vais-te deixando perder, porque nada parece fazer sentido. És enganado mais um dia... E outro. Mais dias caem, nós já não nos levantámos tanto. E o tempo passa, foge, parece que não vamos chegar a lado algum. E mesmo assim há um quê que nos vai puxando do fundo, às vezes são os que nos rodeiam e outras tantas vezes somos nós a ir buscar força àqueles que nos empurram. E ao fim, a vida fez todo o sentido. Porque às vezes a vida e só não fazer sentido. E este é o sentido que ela nos dá. E ela acaba por estar certa e nós acabamos por nunca ter acertado, porque esperávamos um destino, um destino que não era nosso e a vida só nos tentava tirar de lá. E acabámos por não ter dado um sentido digno a uma vida que sempre nos tentou salvar de uma morte à qual devíamos ter fugido. A morte da esperança!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Silêncio


Felicidade

Ser feliz é estar aqui... Só aqui... Sem estar em mais lado nenhum. De cada vez que o pensamento nos levar para longe "daqui", vamos para onde não conseguimos estar... Se calhar é por aí que a tristeza começa entrar, porque deixámos de estar aqui, para estar la, onde afinal também não estamos... E a tristeza entra, porque não estamos... Viajámos para longe de nós, para trás, para a frente, ao sabor da memória e da expectativa, perdidos, talvez... Portanto, ser feliz é só isso... Ficar onde estamos... Não nos deixarmos ir com os primeiros ventos e ficar firmes nas tempestades e ficar, ficar sempre aqui, perto de nós...

domingo, 18 de agosto de 2013

Nós que nos escondemos

Escondemo-nos atrás de quem não somos, sempre com a ténue esperança de que nos encontrem. Por entre tudo aquilo que poderíamos ser e não somos, optamos por ser piores, para tornarmos ainda mais complicada a procura. Escondemo-nos atrás daquilo que nunca ninguém irá conseguir encontrar, até que sem querer tropecem em nós, no verdadeiro nós. Nessa altura fazemos de conta que continuamos a ser quem não somos, mas de pouco vale agora, já descobriram quem não somos. Fica-nos a alma nua, ficamos quase como que descobertos de nós... Ficamos em carne viva para quem chocou com o verdadeiro nós. Somos só nós agora, livres de camuflagens, de adornos, livres de desculpas, de actos que não são bem nossos, são do outro nós, do nós que queremos que os outros vejam. Resta-nos a esperança de que quem nos encontrou sem máscara aguente, aguente este peso que há em nós, que tentamos tornar leve a ser outro nós que não é. E tantas vezes nós, que tentamos não ser notados, somos surpreendidos por outros, que como nós se escondem atrás do que não são, com a mesma esperança de que os encontremos também.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O deixar de acreditar

Deixámos de acreditar. Começamos a desconfiar que tudo mais não será que uma mentira bem arquitectada. Se somos felizes, queremos não acreditar, só para não cairmos mais uma vez. Não queremos voltar a ser enganados com histórias perfeitas. E julgámos que a culpa é nossa, que devíamos voltar a acreditar... A viver com a intensidade de sempre, sem medo que a maior mentira de todas esteja a ser construída naquele ou neste momento. Recusámos ser felizes porque já nos mentiram muito, acreditar é difícil. Mas a culpa até nem é nossa... Começam logo a mentir-nos com o pai natal, a fada dos dentes e o peter pan! E depois ainda nos atiram com todos os super heróis para cima, para nos continuarem a fazer acreditar que os outros são melhores e até têm mais capacidade que nós. E no fundo... Eles não existem... E somo só "nós", com todos os nossos defeitos a ter de acreditar em pessoas com outros tantos defeitos. E é difícil.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A única coisa que me faz saber o que quero é ter a certeza de que não faço ideia do que procuro!!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Tempo

Quase não chegavam atrasados, se todos os outros não tivessem chegado a tempo! Porque é assim, o tempo é relativo, é feito de maratonas de distâncias, obstáculos que se nos impõem, que nos atrasam, acabamos por fazer sempre o mesmo caminho e não saber bem a distância que percorremos, porque o tempo, esse que nos faz chegar na altura certa, por vezes faz-nos chegar na altura errada. Quase como o senhor que se esqueceu de calçar os sapatos quando saiu e quando voltou a casa reparou que só tinha chinelos para calçar e que ao sair é abalroado por um caixote do lixo desgovernado, solto pelo outro senhor, o do lixo que enquanto consultava o relógio para contar os minutos que faltavam para o almoço descobriu com assombro que faltavam horas, e que afinal faltavam muitos minutos. Enquanto fazia estas contas de cabeça o caixote do lixo soltou-se e ganhou logo velocidade, porque o senhor que na altura fez a rampa estava com pressa para ir buscar o filho à escola e deixou a rampa muito acentuado para correr pelo tempo. Enfim, o senhor do lixo atirou-se ainda, mas nada pôde fazer, o caixote já havia traçado o seu destino, o seu alvo. Atirara-se a toda a velocidade em direcção ao senhor que só tinha chinelos (destino... Talvez... Se tivesse sapatos não teria voltado para trás). No preciso momento em que o senhor do lixo se atirou em direcção ao coixote do lixo (que não era mais que isso e ninguém correria atrás de lixo só porque sim) bate contra uma senhora que caminhava pelo seu caminho de sempre, o que sempre a levava a casa. Entre desculpas e cortesias de quem se não conhece lá se perderam durante algum tempo, lá prolongaram a distância que separava a senhora de casa. Do senhor que fora abalroado pouco se sabia, sabia-se só que não tinha sapatos. Resta a história dos outros dois que se "esbarraram" no caminho de sempre e se perderam no tempo, no caminho de sempre, na distância. Ficaram horas a falar e o senhor nunca mais contou minutos. E os outros, os primeiros, por não terem chegado a tempo, chegaram apenas atrasados e perderam os rissóis pequeninos.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ao fim de algum tempo percebes que te envolveste em guerras que nunca deveriam ser tuas, sacrificaste muito mais do que terias a ganhar e, se por acaso, perderes, acabas por perder tudo, não te irá restar nada de um tanto que nunca te chegou e agora seria muito mais do que precisavas. Perdeste. Devias não ter lutado, sabias tudo o que sacrificarias. No entanto atiraste-te com coragem, com a coragem de quem julga não ter nada a perder e não ganhaste. Poderias ter desistido e ter ficado com o que restava, o pouco que restava, no entanto continuaste, afinal já não tinhas muito e o que tinhas a ganhar já era mais. Enfim, perdeste a guerra, perdeste tudo. Tens de recomeçar, talvez nunca chegues onde já estavas, mas estar noutro lado pode até ser melhor. Melhor que ter vencido a guerra.

terça-feira, 6 de agosto de 2013



A primeira imagem refere-se à pedofilia no vaticano. A segunda ao abuso sexual infantil no turismo na Tailândia, e a terceira refere-se à guerra na Síria. A quarta imagem refere-se ao tráfico de órgãos no mercado negro, onde a maioria das vítimas são crianças de países pobres; a quinta refere-se ao armamento livre nos EUA. E por fim, a sexta imagem refere-se à obesidade, culpando as grandes empresas de fast food.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Viajar

A noite chegara, finalmente. A vontade de chegar a casa, ao aconchego do seu lar, fazia-o acelerar o tempo, voou a pé até casa, literalmente (É este o poder dos que viajam na imaginação com bilhete para a realidade, é quase como que viajar em primeira classe com bilhete de segunda do dia anterior, é um risco) deitou-se no sofá, ligou a televisão, mudou de canal umas quantas vezes, pegou num livro, a televisão mostrara-se aborrecida, como de costume. Leu, até lhe parecer que as letras se afastavam das páginas e as palavras se faziam sentir presentes na sala, fora do livro... enquanto isso as personagens fixavam-no com um olhar reprovador. Sentia-o porque de facto lhes invadia a privacidade, por falta de vida própria percebera. Levantou-se subitamente, quase como que num movimento involuntário, talvez fosse fome, preparou qualquer coisa, mas sentia que os personagens o continuavam a fixar, com o mesmo olhar reprovador. A diferença é que agora já lhes não invadia a privacidade e as letras do livro jaziam agora mortas no chão. Teriam fome também? Alimentar-se-iam de palavras, agora caídas num chão sem sentido? Morreriam à fome? Poderia oferecer-lhe qualquer coisa, mas não se deve alimentar o que não existe, pensou ele com sentido. Mas aquela impressão de ser desagradável com convidados, que no fundo não o foram, mas acabaram por estar ali sempre, ia contra os seus princípios. Convidou-os, continuaram calados, inertes, no meio da sala, a olhar, só. Incomodava-o, saiu!! Fugiu de sua própria casa para não se sentir julgado pelo que, afinal não existia. Voltou, horas mais tarde, os personagens continuavam lá, saiu. Nunca mais voltou, nunca mais foi visto, fugiu da realidade pela imaginação e nunca ninguém percebeu. É o tal risco de quem viaja pela imaginação com bilhete de realidade e é caço pelo cobrador.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O bom tubarão

Há uma espécie de tubarão que ajuda as pessoas. As que pretendem por termo à vida por exemplo. Ou a pessoas que pretendem matar alguém. E isto é verdade que eu já conheço alguns casos!!

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...