segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Schhh

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
(...)
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Eugénio de Andrade, Já Gastámos as Palavras

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sê inteiro

"Se fores... vai mais longe! Se fizeres... faz diferente!
Se rires... ri até chorar! Se sonhares... sonha mais alto!
Se arriscares... arrisca tudo! Se pensares... pensa por ti!
Se saíres... sai da rotina! Se mudares... muda tudo!
Se contares... CONTA COMIGO!!!"
e
"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."

Christmas time



"Se conseguires tocar o horizonte
estarás perto do fim da viagem..."

Enquanto nao alcançares o horizonte
vai acreditando sempre nesta altura
de magia... Sejam felizes...

Feliz Natal

Escrito na montra



Saidas tardias dos bares no Porto,
passagens inteligentes perto de um alfarrabista,
na qual se deixa uma mensagem do
"anónimo" Jaime Gil...
Aquelas noites...

Memórias



Aquelas imagens doidas que se vao
guardando, das quais nem nos lembramos
da existencia...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Silencio

Poema à boca fechada


"Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo."

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Medo

Se tenho medo, perguntaram-me e eu afim de nao parecer fraco respondi de imediato que medo era coisa que nunca sentira e na realidade era esta a ideia que tinha. vim-me embora a pensar nisto e reparei que afinal
tenho medo de nao ter feito as escolhas certas tenho medo de um dia querer que o tempovolte atras para mudar o futuro (presente) tenho medo de ficar sozinho aquele sozinho rodeado de gentetenho medo de que no fim "o todo" nao tenha valido a pena tenho medo que um dia alguém me julgue por um passado que nao posso mudar tenho medo da morte nem é só a minha tenho ainda mais medo da morte dos que me sao proximos apenas porque ainda nao fui capaz como muitos que aí andam de entender o significado da vida ou entao como outras que vivem com uma leveza invejável sem pensar no amanha tenho medo de magoar aqueles que me sao proximos, tenho medo de os afastar... Tenho, tenho medo!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A insustentavel leveza do ser

Um dos livros que mais me "ilucidou" acerca da realidade (não sei definir exatamente a sensação) e me fez olhar para o mundo de forma diferente foi o romance "A Insustentável Leveza do Ser" (existe um filme mas aconselho sem dúvida o livro, a força da história para mim reside na prosa de Kundera e na forma como o mesmo nos leva aos bastidores do romance). A seguir aos dois primeiros capitulos que introduzem um debate cujo os personagens serão as “cobaias” da experiencia a fim de atingir as respostas. Lembro-me que nessa época eu estava a começar a ler Nietzsche o que me fez ler com mais afinco.
1A idéia do eterno retorno é uma idéia misteriosa, e uma idéia com a qual Nietzsche muitas vezes deixou perplexos outros filósofos: pensar que tudo se repete da mesma forma como um dia o experimentamos, e que a própria repetição repete-se ad infinitum! O que significa esse mito louco?
De um ponto de vista negativo, o mito do eterno retorno afirma que uma vida que desaparece de uma vez por todas, que não retorna, é feito uma sombra – sem peso, morta de antemão; quer tenha sido horrível, linda ou sublime, um horror, sublimidade ou beleza não significam coisa alguma. Uma tal vida não merece atenção maior do que uma guerra entre dois reinos africanos no século XIV, uma guerra que nada alterou nos destinos do mundo, ainda que centenas de milhares de negros tenham perecido em excruciante tormento.

"Algo ira ser alterada nessa guerra entre dois reinos africanos do século XIV, se ela por acaso acontecer eternamente?
Sim: ela vai tornar-se uma massa sólida, constantemente protuberante, irreparável na sua inanidade.
Se a Revolução Francesa se repetisse eternamente, os historiadores franceses sentiriam menos orgulho de Robespierre. Como, porém, lidam com algo que jamais se repetirá, os anos sangrentos da Revolução transformaram-se em meras palavras, teorias e discussões; tornaram-se mais leves que plumas, incapazes de assustar quem quer que seja. Há uma diferença infinita entre um Robespierre que ocorre uma única vez na história e outro que retorna eternamente, a decapitar cabeças francesas.
Concordemos, pois, em que a idéia do eterno retorno implica uma perspectiva a partir da qual as coisas se mostrem diferentes de como as conhecemos: mostram-se privadas da circunstância atenuante da sua natureza transitória. Essa circunstância atenuante impede-nos de chegar a um veredicto. Afinal, como condenar algo que é efêmero, transitório? No ocaso da dissolução, tudo é iluminado pela aura da nostalgia, até mesmo a guilhotina.
Não faz muito tempo, dei comigo a experimentar uma sensação absolutamente inacreditável. Folheando um livro sobre Hitler, comovi-me com alguns dos seus retratos: lembravam-me a minha infância. Eu cresci durante a guerra; vários membros de minha família pereceram nos campos de concentração de Hitler; mas o que foram suas mortes comparadas às memórias de um período já perdido de minha vida, um período que jamais retornaria?
Essa reconciliação com Hitler revela a profunda perversidade moral de um mundo que repousa essencialmente na inexistência do retorno, pois, num tal mundo, tudo é perdoado de antemão e, portanto, cinicamente permitido.
2Se cada segundo de nossas vidas repete-se infinitas vezes, somos pregados à eternidade feito Jesus Cristo na cruz. É uma perspectiva aterrorizante. No mundo do eterno retorno, o peso da responsabilidade insuportável recai sobre cada movimento que fazemos. É por isso que Nietzsche chamou a idéia do eterno retorno o mais pesado dos fardos.
Se o eterno retorno é o mais pesado dos fardos, então nossas vidas contrapõem-se a ele em toda a sua esplêndida leveza.
Mas será o peso de fato deplorável, e esplêndida a leveza?
O mais pesado dos fardos nos esmaga; sob seu peso, afundamos, somos pregados ao chão. E, no entanto, na poesia amorosa de todas as épocas, a mulher anseia por sucumbir ao peso do corpo do homem. O mais pesado dos fardos é, pois, simultaneamente, uma imagem da mais intensa plenitude da vida. Quanto mais pesado o fardo, mais nossas vidas se aproximam da terra, fazendo-se tanto mais reais e verdadeiras.
Inversamente, a ausência absoluta de um fardo faz com que o homem se torne mais leve do que o ar, fá-lo alçar-se às alturas, abandonar a terra e sua existência terrena, tornando-o apenas parcialmente real, seus movimentos tão livres quanto insignificantes.
O que escolheremos então? O peso ou a leveza?
Parmênides levantou essa mesma questão no sexto século antes de Cristo. Ele via o mundo dividido em pares opostos: luz/escuridão, fineza/rudeza, calor/frio, ser/não-ser. A uma metade da oposição, chamou positiva (luz, fineza, calor, ser); à outra, negativa. Nós poderíamos achar essa divisão em um pólo positivo e outro negativo infantilmente simples, não fosse por uma dificuldade: qual é o positivo, o peso ou a leveza?
Parmênides respondeu: a leveza é positiva; o peso, negativo.
Tinha ou não razão? Essa é a questão. Certo é apenas que a oposição leveza/peso é a mais misteriosa, a mais ambígua de todas.
Milan Kundera."

domingo, 12 de dezembro de 2010

Há dias


Há dias que nos vao caindo à frente
e fazem questao de nos questionar
acerca de todas as opçoes que fomos
tomando ao longo dos anos, dos meses,
do dia, da vida, enfim...
E é precisamente nesses dias que nos
cai tudo em cima... Coisas faceis de
resolver, noutros dias, mas nestes,
nestes custa e parece impossivel
e nao da vontade nenhuma...
Nao me lembro, sinceramente, de um
dia que me tivesse chateado tanto como
o de hoje, nao lembro...
E sao estes dias que provavelmente
nos levam a ponderar outras opçoes,
outras realidades, e o passado inteiro...
Nem eu mesmo me tenho reconhecido nestes
dias... A tomar decisoes que me nao sao
usuais... Sim, toda a gente tem um ou
outro momento de sensibilidade, mas mesmo
nessas situaçoes costumo a ser mais ponderado.
E é nestas alturas que me fazia falta
alguem que me dissesse, "va, vai ficar
tudo bem", é nestas alturas que damos
conta daqueles que passam e deviam ter
ficado. Demorei, mas percebi...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tomorrow

so pretty



Porque uma musica nunca será apenas uma
Musica... Esta musica traz-me, sempre
que a ouço alguém, um passado, uma
"aventura", uma aventura que ficou e
que vai e volta e vai ficando...

Just become inflatable for you

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...