segunda-feira, 24 de agosto de 2009

And so it is...


A música que acaba com um grande filme ("closer")... Baseado, ao que parece, no livro de kundera, "a insustentavel leveza do ser"... Grande por si só, enorme pela contextualizaçao no filme...

domingo, 23 de agosto de 2009

Starsailor

Hoje andava por aqui a tentar encontrar-me nas minhas músicas e voltei a encontrar uma banda que sempre me disse alguma coisa...


sábado, 22 de agosto de 2009

"Aquelas musicas"

Há musicas que ficarão sempre, ora por marcarem um dia, ora por marcarem uma etapa... Estas sao algumas que de certa forma me marcaram e hão-de continuar a marcar...




Vanilla sky

Um dos melhores, quanto a mim, filmes do mundo...
"Não é um simples filme, é uma experiência. Tom Cruise dá o melhor de si numa performance digna de Oscar no papel do playboy David Aames. O filme acerta ao mergulhar na mente e no psicologico de seu protagonista, tornando-se uma análise da vaidade e do comportamento masculino. Simplesmente demais..."

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Nada!


Se tivessemos noçao do ridículo em que caímos diariamente, acredito que mudaríamos por completo a nossa forma de viver...


Se há alguma coisa mais aborrecida que desempenhar as tarefas exigidas a nós hoje, é pensar no que nos vai tocar amanhã. Sim porque pensar no futuro tem esse defeito, estragar o presente por o imaginarmos igual ou pior que o hoje, ou entao faze-lo tao perfeito que provavelmente o amanha fará com que essa perfeiçao hoje imaginada fique muito aquem daquilo que esperavamos, causando aquele sentimentozinho de decepçao... E agora pergunto-me... Porquê que pensamos no amanha se na realidade ele pode nao chegar, porque é que defenimos metas, quando podemos viver como se nao houvesse amanha e provavelmente ultrapassar essas metas programadas?

Isto faz-me lembrar algo que li algures...


"O que pensamos é menos do que sabemos;
O que sabemos é menos do que amamos;
O que amamos é muito menos do que "tudo o que existe"
e até a esse ponto só sei que somos muito menos
do que deveríamos ser..."

E depois, "no fim, quase fomos o que queremos"...


Amigos


Quer queiramos quer nao, as aparencias nunca irao passar disso mesmo, aparencias... Não escolho os meus amigos, eles simplesmente vao aparecendo, vão ficando e vão-se tornando importantes... E eu, como quase todos nós, sou um bocadinho dos meus amigos, aprendo com eles, cresço com eles e sobretudo conto com eles para todos os imprevistos que possam surgir...

A voces dedico este texto de Oscar Wilde:


"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem brilho questionador e tonalidade inquietante.Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.Deles não quero a resposta, quero meu avesso.Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.Para isso, só sendo louco.Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.Não quero só ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fontede aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.Não quero amigos adultos, nem chatos.Quero-os metade infância metade velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.Tenho amigos para saber quem sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."


Obrigado.

O principio do fim

"A idade vai comendo a vida.Vai ratando o futuro, e nós (eles) a verem.Acorda-se com um dia a menos, e adormece-se com um dia a mais.O calendário vai-nos mudando o corpo.Vai-nos empurrando as costas, para a queda ser pequena.Os velhos sabem de cor o chão.Como quem sabe que está quase a chegar lá.Desde que perdi a minha avó, que ganhei o respeito por quem mora no terceiro andar da idade.Perde-se para ganhar.E assim foi. Emociona-me.Que vida inteira pode ser sentada sozinha, num banco de jardim?Com a idade, nunca escolhem o meio, sempre o fim do banco.Em crianças, ter-se-iam sentado na outra ponta?E deixam-se estar.Respiram como podem. Os olhos já não procuram nada. Já viram tudo.Vão guardando o passado em rugas, para libertar a cabeça.Em que pensam?Na morte? Os velhos não vivem. Deixam-se viver.Os filhos já tem a vida deles, não os querem.Tem de ir viajar e fazer compras para o jantar."O pai tem estado bem? Então vá, um beijinho."Picaram o ponto, e para eles está feito.Os novos choram com o corpo todo, gritam e fazem caras de quem sofre.Os velhos choram só com os olhos, que o resto não se vê.E assim o fazem, no fim do telefonema.Ninguém os quer com as doenças cheias de idade.As mãos da idade cheiram a tudo, com as veias cansadas de mostrar o sangue a toda a gente.As pernas vão perdendo caminho.Os braços deixam de abraçar.O coração começa a falhar, já bateu demais mesmo para quem amou pouco.Vai-se esquecendo de bater.E uma noite, sem avisar, desaprende.Desliga os olhos e atira o corpo para o fim.Ocupam agora o banco todo.Do principio ao fim, todo ele é corpo.E os filhos, cansados de telefonar, resmungam.Morreram oitenta e dois anos, e nem mais um dia.A cidade não pára, o mundo não interrompe, nada.Os filhos enterram vinte anos, e guardam os outros sessenta e dois.Os últimos vinte davam trabalho e de pouco valiam.Não tem vagar para os guardar.Mas de hoje em diante, esses vinte vão acordá-los todos os dias.Até se deitarem sozinhos no banco que os vai deitar."

Doi



"Dói-me. Dói-me muito. E não sei onde. Dói-me quando olho para ti, quando te vejo já ao longe, de cigarro encarcerado entre os teus dedos tão monstruosamente pequeninos. Dói-me saber que só te volto a ver quando já for tarde, e quando a dor se cansar de tanto me cansar. Tenho as mãos suadas e o coração a transpirar de tanto dar voltas e revira-voltas.Dava tudo para saber estancar o palmo e meio de rasgo que me fazes na carne, não para o fazer, mas só para saber como actuar em caso de extrema urgência, que de urgência já eu vivo.Dói-me muito, mas não sei onde. Se agora mesmo entrasse nas portas cansadas de um qualquer hospital, ficaria dia e meio para explicar onde e o que me dói. E ainda assim, dia e meio depois, estaria exactamente no mesmo ponto da conversa. Estaria de frente para uma bata branca, curvado de dores, de soro a violar-me o braço e o sangue, e de coração semi-risonho, como uma criança que faz das suas e olha para o lado para que ninguém a veja. "Juro que me dói senhor doutor, juro-lhe." De que vale explicar uma dor a quem nunca a sentiu?A dor que me causas passa os limites de cinco países juntos.Apetece-me beber-te a conta-gotas.Dói-me. Dói-me muito. E quando me disseres onde, vai doer-me muito mais."

Sem cor...


"Roubei esta imagem na Rua São Sebastião da Pedreira porque... tinha a máquina fotográfica comigo. A verdade é essa. A personagem principal era um qualquer sem abrigo (a falta de abrigo rouba-lhes ainda o nome), o "jornal" era o 24 Horas, e a mesa de operações um contentor do lixo. Nos tempos que correm, poder-me-iam dizer que este mesmo contentor era uma redacção de um qualquer jornal e eu acreditaria, sem demoras. Este mesmo sem abrigo, analisando assim em close up, não deixa de ser um qualquer leitor. Quem sabe o mesmo que lê estas linhas. Este sem abrigo, que tão gentilmente se debruça sobre os restos mortais de tanta e tanta comida, pode ser, num close up ainda mais apertado, você. O que o/nos separa dele não poderá ser assim tanto. Por dentro, caro leitor que me acompanha, sou muitas vezes o homem que se deixa fotografar nesta imagem. Por dentro, numa qualquer escada que conduz às àguas furtadas da cabeça, sou assim. Preto e branco, sujo, cansado, mas de mente ocupada, e nunca, mas nunca a ler o 24 horas. O preto e branco não é um puro acaso da foto. A foto, caro leitor, está na realidade a cores. A preto e branco, vê-a quem fechou as cortinas da mente. A preto e branco, vê-a quem já não se vê a cores."
Ele roubou a fotografia, gravou o momento para nao lhe chamarmos ladrão e eu roubei-lhe o texto e a imagem e o momento.... Peço desculpa sr. Bruno Nogueira!

Obstáculos


Nao foi, de certeza, por acaso que este senhor (Oscar Wilde) disse que "A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre", se repararem á medida que vamos "conquistando" as pessoas em nosso redor, há sempre uma imagem que se vai construindo e por muito boa que possa ser até, com o passar do tempo essa mesma imagem "perde a cor", já nao ha nada de novo a acrescentar e ficamos por ali, nao evoluimos porque achamos que ja nao somos capazes de surpreender... E é por isso que deviamos sentir a necessidade de começar a descobrir novos sitios, novas pessoas. Quando "ficamos" muito tempo no mesmo sitio, as pessoas tendem a criar uma imagem, que, boa ou má, se torna muito dificil de mudar independentemente do que façamos... Nao devemos "ficar" o tempo suficiente para que nos comecem a criticar, para que nos comecem a conhecer, até porque quando isso acontecer, nao vao parar de falar da tua vida até conseguirem denegrir essa tal imagem construida quer seja com verdades ou com "falsas verdades". A partir desse momento pertenceremos a essa classe mediocre aos quais a vida lhes é tao monotona que têm de falar acerca da vida daqueles que estao á sua volta. É bom, por isso e nao só, avançar, partir até um outro sitio, onde tenhamos mais uma imagem a construir, mais um desafio a superar, mais gente a quem surpreender e sobretudo, surpreendermo-nos a nós próprios com a quantidade de desafios que conseguimos ultrapassar, á quantidade de circunstancias a que nos conseguimos adaptar.

De: Bruno Nogueira


Por vezes conhecemos um lado de uma pessoa e julgamos que esse lado é o unico com o qual podemos contar, mas por vezes essa pessoa pode ter um lado, nao menos valioso, escondido, que quando explorado é capaz de nos surpreender. Este é um desses casos, um grande humorista, criativo, original, com um excelente sentido de humor, tido como um "brincalhao", mas que surpreende pela sua capacidade em escrever.
Posso nao ser "grande", mas sou pequeno o suficiente para admitir um grande trabalho, ora aqui vai:

"As árvores dobram-se e voltam a si.
Insistem com as unhas ancoradas na terra para não perderem a morada.
Para mais do que isso falta-lhes a força.
Pessoas a apertar casacos no peito.
É sempre aí que apertam, com medo que fujam de lá as memórias penduradas por arames velhos.
Já foram bons, falta-lhes a manutenção.
Arrumam os cabelos no ponto de partida para eles começarem de novo um improviso nervoso.
Os cães ladram uns com os outros, entendem-se como podem.
Há folhas a serem empurradas rua abaixo até adormecerem junto a uma parede, onde lhes acaba a imaginação.
Contentores do lixo tentam fugir às escondidas de quem os vê.
Os semáforos abanam a cabeça a quem lhes pergunta as regras.
Os pássaros arrumam as asas em ponto morto e deixam-se levar para onde não querem.
É o vento a gritar o que pode, a organizar ideias até lhe faltar o ar.
A coreografar a terra com passos largos.
E é sempre assim.
Desarruma-se o mundo para depois se orçamentar quanto custa desarrumá-lo no sítio.
Faltarão coisas.
Mas as melhores nunca mudam de lugar."

Poema em linha recta - Alvaro de Campos




Nao sei lá o porquê, mas de cada vez que olho para este poema, consigo enquadrá-lo comigo e com quase toda a gente que conheço...

Recordo-me de algumas situaçoes, em que pessoas que se diziam "as melhores do mundo" cairam num ridiculo escusado caso tivessem a humildade suficiente para admitir que nem tudo era tao bom como parecia...
Fica aqui um texto "antigo" para o futuro...





"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão - princípe - todos eles princípes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana,
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó princípes, meus irmãos,Arre, estou farto de semideuses!
Onde há gente no mundo?Então só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A abertura

Este blog será, em principio, apenas para publicar algumas coisas que vou lendo por aí... Talvez no futuro, com alguma paciencia e dedicaçao, sirva também para publicar um ou outro "delírio"...

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...