sexta-feira, 30 de maio de 2014

Saber

"Encostei-me a ti,
sabendo que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem
depus a minha vida em ti.
Como sabia bem tudo isso,
e dei-me ao teu destino frágil,
fiquei sem poder chorar,

quando caí."


quando se sabe... é como se nunca se quisesse saber!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

E os dias vão assim!!

"Suspiro a cinzento escuro, nestes dias. Tenho o céu todo a trovejar nos olhos.É muito cinzento, mesmo para um amor daltónico. Cansa-nos a alma mal ela acorda.
Não lhe dá espaço para rasgar um ou dois vincos de riso.
Nada.
Arrasta-nos para o fundo do mundo.
Quando era (ainda) mais novo adorava estes dias. Estava intimamente ligado com o facto de não haver aula de educação fisica. E isso enchia-nos de coisas para fazer. Mesmo à custa de nunca as virmos a fazer.
Hoje em dia, mais precisamente hoje, desmancha-me. Vento, chuva e frio não alimenta muita esperança aos olhos.
Pelo menos aos meus.
Dá vontade de esconder o dia de toda a gente e esticar as pernas numa casa de janelas cimentadas.
Os dias cinzentos têm esse duro dom de descansarem uma lupa sobre o que quer que nos doa peito adentro.
A lupa é tão grande...
Que venha o sol, nem que seja por um quarto de hora, para nos lembrar que há vincos na alma."

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Até ao fim

Nunca se sabe até quando se lembra o que se não pode esquecer. 
Nunca se sabe quando é que o tempo dá o último golpe na memória 
de quem se perde no espaço e se vai encontrando no tempo passado. 
Agora, que ainda me lembro e ainda te posso dizer quem sou, ouve o
que tenho para te dizer. Antes que um dia partas na memória como 
quem parte num sonho há muito construído, antes que deixes de ser
a luz que apaga a noite lá fora e guia os que vagueiam sem destino,
antes que o tempo e o espaço se confundam com sonho e realidade,
antes que a vida te torne numa sombra sem rosto, antes que a vida e
os caminhos nos troquem os dias e as vontades e as memórias e os 
momentos, antes que os medos de nós nos atropelem numa qualquer 
rua mais escura de dia, antes que sejas passado sem presente e futuro
apagado, antes que... Antes que o fim se tente impor no que seria para
sempre deixa que diga que o fim é uma miragem e o tempo é um 
caminho sinuoso e íngreme numa viagem atribulada e sem destino 
adivinhado. Deixa que te diga que tudo o que se construiu se não 
pode perder na viagem, porque já és caminho, já és casa, já és eu
e todos os momentos em que te caí nos ombros cansados do mundo 
serão para sempre nossos e as marcas que ficam em mim serão sempre 
tuas, mesmo que não tenhas rosto e te percas nas memórias, no tempo. E
mesmo que vida te leve para longe de nós serás para sempre... até ao fim.

domingo, 11 de maio de 2014

Nunca se perde inteiramente

Quando o mundo se juntava para o derrubar fazia-se rodear das pessoas que lhe seguravam o mundo... Os seus pilares... Enquanto aqueles pilares, os que sempre o sustentaram e sempre o apoiaram e nunca o questionaram, o aguentassem não perdia, não se perdia... Era neles que se tentava segurar, eram eles que lhe diziam calados quem era. E mesmo quando tudo se julgava perdido respirava fundo, perto daquele ou daquela que um dia poderia ir, mas que ainda ficava e ficaria para sempre mesmo que fosse. Era como que se na calma deles encontrasse o próprio equilíbrio, num mundo falso de vaidades e de mentira, de invenções e desilusões. Era o estar aflito e aos poucos ser abalroado por uma calma que lhe dava força para mais um dia. E enquanto assim fosse diz-se que aguentaria uma vida ou duas. Enquanto todos os que o julgavam ter derrubado o achavam, ele recuperava perto daqueles que se não importam de se entregar como derrotados por uma vitória maior. A vitória da amizade, do amor, do que é verdadeiro... E enquanto os outros, aqueles que não sabiam o verdadeiro sentido de poder sossegar abraçado a alguém que só sossegaria depois de o respirar ser possível sem esforço e pesar, julgavam ter ganho mais uma batalha, ele sabia que tinha ganho um bocadinho mais de amor, de esperança, de vida, um bocadinho mais de alegria. E depois, um dia, quando todos o julgassem destruido, todo ele era reconstruído de coisas verdadeiras, de momentos perfeitos, de lágrimas sinceras, de alegria inquestionável. E enquanto assim fosse ele e os outros, os que com ele seguravam mundos e destruíam pesadelos, poderia sonhar todas as noites. Podia sonhar em ser feliz e poderia julgar-se intocável, inteiro. Podia julgar-se "invicto" ele e os que se deixaram perder para poderem ganhar.

sábado, 3 de maio de 2014

Nada...

E os dias, que caem um atrás dos outros, seguidos de noites que se prolongam e se perdem. Perde-se vida, perde-se tudo, perde-se tudo o que se teve e não se ganha o que se ganharia. Em troca da efémera sensação de liberdade de 2 copos cheios de vazio, vistos por dois olhos embriagados que nada vêem, acordamos ao outro dia com o nada que se adivinhava e presos à consequência do vazio. E os dias são só isso, uns atrás dos outros e tudo se perde a cada dia, nada se ganha e a cada noite tudo se perde. E ele, ele ainda julgava que ganhava alguma coisa, foi então que acordou, vazio, cheio de nada do dia anterior e cheio de tudo o que viria a seguir. E assim seguiu, como seguem os que vão andando ao sabor de nada. 

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...