domingo, 12 de julho de 2015

Vejo-vos por aí!!


Foi então que percebeu que o que tinha a fazer, era fazer nada... Abrir mão do que julgara ter, aceitar que era pouco mais ou pouco menos, quase que tanto fazia... Percebeu que a sua chegada não veio mudar grande coisa ao mundo, ao mundo que criara... Percebeu, talvez a tempo que aquele sonho que vivia era só dele e de mais ninguém... Dizem ainda, aqueles que olharam mais de perto, que acreditava genuinamente no que sentia... E que sentia mesmo a dor que parecia... Não sabem, mesmo aqueles que olharam mais de perto, se o sonho morreu com o mundo, ou se o mundo morreu com o sonho, o que sabem é que lá vai, não no caminho que sonhara, mas no caminho que lhe sobrava... às escondidas dele diziam que fora cego a vida inteira ao olhar para o caminho que não existia... Dizem que estivesse cego pela luz do amor, mas nem sabem se amava... O que é certo é que, mais tarde, admitira que vira para lá do que era real... Que se deixou levar pelo que sentia e era o amor que o conduzia... Se o conduziu bem ou mal... Ninguém sabia... Mas sabia ele que só tinha uma alternativa... Soube-se pouco depois que desistira... Não se sabe se vivia, mas sabe-se que ainda caminhava... Sem norte ou razão, deixou de ouvir o coração... Diz-se que se tornou mais frio... E que o olhar perder brilho... Diz-se que ficou mais vazio...
Não é que tivesse deixado de sonhar... Mas aos poucos percebeu que o lugar que julgava ocupar, não ocupava... Aquilo que julgava ser possível era atropelado pela verdade e pelo sentido e pela realidade, não é que não sentisse ser capaz, mas sabia que não era possível... Restava-lhe ir... Não é que o que sentia fosse mais pequeno, ou tivesse tendência a diminuir... Só não podia ficar ali, à beira da verdade, da outra verdade, da verdade real... Não havia já lugar para si, nem para o que sentia, nem para nada... Só havia espaço para não ser... E deixar de ser calava-o... Era o que tinha de ser... Deixar de ser... Era deixar de fazer... Era fazer nada... Partir, deixar de existir ali... 
E agora, agora podia partir... Não se sabe se partiu para algum sítio, o que se sabe é que deixou aquele... E se realmente o que sentia, era o que se dizia... Adivinhava-se que não partira, apenas desistira de fazer seu o sítio que sabia ser de outra pessoa para sempre... Era só um sonho absurdo no mundo, era só o seu e o de mais ninguém...

E com ele partiu também este sítio... Foi uma viagem engraçada... Foi um prazer ter-vos sempre comigo... Mas para onde vai este senhor, já não há espaço para este sítio... Tentarei criar outro, onde já não haja este senhor... Obrigado a todos... Até daqui a outro sítio!!!

O sítio passa a ser este:
http://outrasdiambulices.blogspot.pt/

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O que é que se espera de onde já nada espera?

Depois, com o passar do tempo, vão-te matando os sonhos, vai morrendo o futuro, vão-se suicidando as expectativas... Vai morrendo a vida, aquela vida... E a cada dia, morre-se mais um bocadinho ali... Claro que, como se diz, morre-se aqui para se nascer noutro lado qualquer. Mas... E quando se não quer morrer ali, quando se quer continuar a sonhar, quando queremos que aquele futuro não morra e que as expectativas aguentem!? Tentamos segurar o tapete, tentamos agarrar as expectativas que estão ali mesmo, penduradas em cordas de pés sem chão já... Mais um movimento e morrem umas outras tantas... É como que se a morte fosse iminente e a única coisa que segura a vida são já as cordas de expectativas que não vivem, expectativas sem sonhos para respirar... Surge então a questão... O que é que se faz sem sonhos? Com o que é que se sonha sem expectativas, como é que se vive sem vida? Como é que se segura um futuro que já morreu? Será que nos prendemos a um futuro morto? Mas... Se é um futuro morto, como é que o presente tem ainda tanta vida? Se as expectativas já morreram todas porque é que continuamos à espera que o que nunca acontecerá, aconteça? 

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...