quinta-feira, 28 de maio de 2015

E vem por ali fora, desgovernado pela própria vontade, desorientado pela própria loucura!! Louco de querer demais, vem por ali. Quer-me parecer ser um avião? Não... Afinal é só o amor. E por muito que se não veja é capaz de ser tão espalhafatoso como um alegre avião em direcção ao chão. Dizem, a quem o amor corre muito bem, tão bem que nem chega a ser amor, que é muito lindo, que é um viver a dois como se fossem só um, mesmo que esse só um resmungo um dia inteiro para voltarem a ser dois. Outros, a quem corre menos bem, dizem que é uma coisa que corrompe por dentro, até por fora parecer que se foi atingido pelo avião que alegremente se apressava para o chão. Outros, pais sozinhos do sentimento, pais solteiros de um amor fantástico que perdeu fatalmente a mãe num acidente de cruzamento de sentimentos, percebem que não há outro sentimento igual. Tornam-se pais orgulhosos de alimentarem um sentimento, sozinhos, de o criarem, de o educarem. De o tornarem num filho do coração que não mal trata a mãe só porque não está sempre presente. Um filho que cresceu sempre acompanhado por uma mãe, que apesar do acidente que lhe cortou as pernas no cruzamento, correu sempre para o pai, como quem nunca tinha cruzado o cruzamento do sentimento. E ser pai solteiro de um sentimento é muito alimentar um filho sentido, amado. É muito criar sozinho um filho que nunca vingará, mas gostar tanto tanto de ser pai de um filho tão maior, que se quer ser sozinho uma vida inteira. Ser pai solteiro de um sentimento é ter o coração muito chegado ao peito e perceber que em muitos peitos há coragem de matar o próprio filho e aceitar que criar sozinho um filho é um tipo de coragem mais cobarde. Só um bocadinho mais cobarde. É um não querer ir em frente porque se quer desesperadamente ficar, é um não querer deixar ir porque se quer que seja para sempre. Enfim, é ser pai a tempo inteiro de uma criança que quer fugir a cada instante. 
É ser pai de uma criança que enche o coração de tal forma que se sorri sozinho no funeral do vizinho do 3º esquerdo de uma casa rés do chão. É olhar em todos os sentidos e não ver outro sentido que não aquele sentimento. É um olhar a perder de vista, a perder de tempo. É um querer ser para sempre e nunca ser. É um querer ser pai e mãe e não ser nada. É um querer ser a família inteira do amor e deixá-lo órfão, entregue a outro pai e outra mãe que serão, com toda a certeza, melhores. Os melhores pais dessa criança.

terça-feira, 19 de maio de 2015

"Ter-te longe
e desejar-te aqui,
onde o frémito do corpo acontece.
Aqui, lugar onde
o vício dos olhos e das mãos me inquieta.

Ah, ter-te perto
suster a respiração,
cerrar os olhos
e deixar que tudo comece
e acabe em ti.

Ensaiar o voo da águia
e suavemente planar sobre a superfície
sinuosa do teu corpo perfeito
no asa-delta da paixão.

Ter-te perto,
sentir o perfume da tua presença
pelo calor do corpo,
pela claridade dos olhos
e pensar
que o sol e a alegria
de cada manhã,
nascem exactamente em ti."

terça-feira, 12 de maio de 2015

A felicidade... Sussurrada ao ouvido numa palavra... "adoro-te". Simples, sincera, arrepiante, quente, completa. "Essa palavra repetida ao expoente da loucura", esse sentimento de entrega espalhado por todos os cantos da imaginação. A vida, toda ela construída ali, entre um e outro sussurro. O amor, todo ele coberto de nós, da nossa felicidade, do nosso sossego. E sem darmos conta passamos uma vida, duas... Uma eternidade. A vida inteira que conseguimos imaginar passou-nos aqui, entre um sussurro, dois sorriso, uma troca de olhares e um leve tocar na mão um leve na barriga e um abraço. Eternamente felizes fomos, eternamente felizes seremos. Fomos felizes até ao fim da vida, até ao fim dos tempos, até ao fim da loucura. Fomos o que quisemos ser, quando quisemos ser. Elevamos momentos a vidas. Vidas a mitos. Fomos deuses, fomos humanos, fomos fracos, fomos fortes, fomos tudo, somos nada. Somos loucos, somos felizes. Somos. Fomos tudo, fomos nada e nem uma hora passou.  

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...