segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vasco Graça Moura

"quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão."

O mundo fica mais pobre...



domingo, 27 de abril de 2014

Talvez

Debruçara-se naquela que não foi a sua varanda de sempre. Descansava o corpo atirado contra o muro, todos os dias o mesmo atirar, todos os dias o mesmo corpo cansado. Longe já iam os dias em que se enconstava pelo prazer de um cigarro à leve brisa que lhe empurrava o sol pela face. Ao fundo todo um mundo, um mundo todo ele novo, que já há muito conhecia mas que todos os dias lhe provava ser sempre diferente, sempre novo. Não se sabe do cansaço, se de ter deixado de prestar atenção a tudo o que era novo no velho mundo de sempre os cigarros eram como que leves passageiros numa pesada brisa que já não conseguia empurrar o sol. Dali, da varanda que não foi sempre a mesma tudo lhe parecia igual. De corpo caído e sem força avistou nada. E como seria bom ser nada, passar de leve pela vida como se a vida fosse pouco. O bom que seria poder acordar todos os dias e esquecer ontem amanhã. Passar pelas pessoas, imune aos seus julgamentos, aos seus pensamentos pequenos, passar como passa tantas vezes a brisa que tudo com ela carrega e ninguém percebe. Talvez fosse o olhar que se já não prendesse com a mesma facilidade, talvez fosse a varanda que já lhe não chegasse. Não se sabe... Sabe-se só que, cansado, ainda não mudava a varanda, só mudava os cigarros por uma questão de efemeridade. Já há muito que não se lhe vê o corpo como que deitado na varanda e mesmo o vento se faz passar mais fugaz por aquele sítio que já recebeu tanta luz. Talvez tenha mudado de varanda e com ele tenha levado a luz que ali o encontrava. A paisagem, essa continua igual ao que sempre foi e lá ao longe tudo é diferente todos os dias, não se podia cansar, só podia estar cansado. Talvez tenha ganho força e tenha ido para onde o mundo não era igual ao que sempre fora. Talvez... E nunca se sabe o que traz cada varanda e nunca se sabe o que leva cada brisa.

sábado, 26 de abril de 2014

Diz-se que.

Andava perdido, sempre perdido, dele dizia-se nunca se ter encontrado. O tempo não o encontrava, os sítios, pelo menos os que se diziam como os certos perdiam-se dele. Às vezes cruzava-se com o sítio certo, mas o tempo teimava em dizer-lhe que não era. Os sítios a que chamava seus iam-se perdendo no tempo, o tempo, esse por sua vez arrastava-o com ele sempre. Mesmo que não fosse e ficasse o tempo passava e ia sozinho sem ele. Ele ficava quieto naquele que queria que fosse o sítio certo. Outras vezes o tempo levava-o para onde não pertencia, ou levava-lhe o "aonde queria estar" para longe. O tempo, à medida que ia passando por ele, ensinava-o que tinha de ser onde estava, que não valia a pena correr atrás de outro sítio. Ensinou-lhe que nem sempre o cenário é perfeito, às vezes é bom que não seja. o tempo não lhe dava tudo e ameaçava-o constantemente que lhe ia tirar tudo. Na altura certa estava no sítio errado e no sítio certo estava na altura errada. Desencontrado dizia-se. O tempo dizia-lhe que "a seu tempo as coisas correm bem no sítio errado e correm mal no sítio certo". O tempo, sempre o tempo a dizer-lhe, dizia-se. Mas o tempo nunca lhe disse nada. Um dia, quando o encontraram, perceberam que não foi o tempo que lhe disse, mas sim o "sítio" onde esteve que lhe ensinou tudo. Dele, que disseram perdido, encontraram sabedoria. A ele perguntavam-lhe tudo. E ele não era o tempo, mas sabia. E até sabia mais que o tempo, porque o tempo não sabe nada. O tempo passa só, calado. Não se dá por ele. O tempo não existe, ele ao menos existiu! Não se sabe onde, nem quando. Mas foi. Foi o que pôde ser, num sítio onde não poderia ter sido outra coisa. Ele tinha todas as respostas, as suas respostas. E um dia, num dia qualquer, sabe-se que o tempo lhe não perguntou nada. E ele respondeu-lhe que foi muita coisa além do que foi naquele sítio, disse-lhe que viveu em muitos mundos que e que o tempo o não controlou! O tempo não conhecia os outros mundos, só conhecia aquele. E foi por ter ficado que não foi. Foi por ter ido que gostava de ter ficado. Foi por não fazer nada que quis ter feito. Foi por ter feito tudo que quis ficar quieto. E o tempo... Esse... Esse passava sempre com o passo certo e acertado como os ponteiros de um relógio. Nunca saiu dali, daquela rotina de dias que se tornavam anos, que se tornavam séculos. A memória do tempo era fugaz e não conhecia mais nada além do agora. O tempo nunca soube nada, o tempo é que estava perdido. E ele perdeu-se no tempo não se sabe onde. Pode ter sido em qualquer sítio, pode ter sido em qualquer "agora".

quinta-feira, 24 de abril de 2014

The time is now

Hoje sentamos aqui, bebemos ali, aproveitamos tudo o que há para aproveitar ali, rimo-nos aqui, em casa, rimo-nos ali, com aqueles que gostamos, que são de casa... Hoje vemos um filme, hoje ouvimos uma música, hoje brincamos, hoje corremos, hoje jogamos, hoje bebemos até ser amanhã, hoje vivemos, hoje aproveitamos, hoje... Agora... Amanhã, amanhã seguimos com a vida para a frente, amanhã traçamos planos, amanhã poupamos, amanhã é outro dia, amanhã recompensamos, amanhã corrigimos, amanhã vamos levar as coisas a sério, amanhã abraçamos o futuro, amanhã lutaremos pelo melhor futuro, amanhã pensamos... Hoje, hoje podemos aproveitar só, hoje podemos viver sem culpa, hoje podemos correr sem objectivos, hoje podemos beijar o nascer do sol, podemos beber da fresca aurora que se avizinha, hoje podemos adormecer com a manhã e a acordar embalados pela doce confusão que se faz lá fora, pelas pessoas que vivem amanhã. Hoje podemos ficar aqui só, quietos, abraçados, hoje podemos ficar aqui a contar histórias até adormecer, hoje e só hoje podemos viver o que nunca será amanhã. Amanhã, amanhã voltamos à vida, amanhã voltamos à rotineira e confortável monotonia, amanhã seremos o que nunca seriamos hoje, amanhã... Os que vivem hoje vivem intensamente, aproveitam cada momento como se fosse o último. Os que vivem amanhã aproveitam uma vida inteira. Talvez. Mas há momentos, breves... Muito breves, podem durar segundos. Mas são uma vida inteira. E viver, viver é hoje, porque morrer é sempre depois. E enquanto o sol te brilhar na cara, enquanto o vento te soprar ao ouvido, enquanto a água te corre fria pelos pés, enquanto a vida te acorda todos os dias, enquanto sentes a Primavera, enquanto sentes a areia quente debaixo de ti, enquanto tudo isso acontece, tu vives, vives como não viverás amanhã, porque amanhã já não é o mesmo sol, não é a mesma água, não é a mesma Primavera, não é a mesma areia... ontem foi amanhã e agora é apenas mais uma paragem passada na viagem, hoje é amanhã que depois serão menos uma quantas paragens. E à medida que se vai viajando percebe-se que o que nos prende à vida são momentos. É o agora! Ser feliz será algures aquele espaço que fica entre há bocado e daqui a bocado. E, se formos plenos, se formos inteiros em cada momento, se formos coerentes com a razão, seremos felizes ontem e o ontem é o que fica para amanhã.

domingo, 20 de abril de 2014

Verdes, as cortinas

Encontraram-se pela primeira vez, pelo que se lembra o tempo, num quiosque de uma estação de autocarros. Ambos à procura de alguma coisa que lhes ocupasse as mãos e o pensamento durante a viagem, como que se conhecessem a viagem tão bem que a paisagem já lhes não trouxesse nada de novo, se calhar fizeram muitas vezes a mesmo viagem, mas sozinhos. Eram dois, cada um a seu canto, e talvez um dia fossem eles um só no mesmo canto (há coisas que se sentem e não se sabe). A medo aproximou-se dela. Falaram durante algum tempo. E agora? O que vem agora? O que acontece depois do inicio, onde será suposto chegarem? Ainda eram apenas dois desconhecidos e já teriam mil cenários possíveis. Pediram um café. No espaço entre o café e o virar de duas folhas de jornal poderiam ter sido tudo, poderiam nunca ser nada. Foram, durante este bocadinho, alguma coisa, dois desconhecidos que se cruzaram por acaso. Enquanto mexia o café perguntou-se como seria o próximo encontro, como seria a próxima viagem, como seria a primeira casa, como seriam todos os dias, como seria uma vida inteira.. Viram-se os dois, viram o que seriam, viram o que não seriam, viram tudo o que poderia haver um no outro. Ficaram, os dois, com a nítida sensação de que a vida é uma festa e que nunca se sabe quando acaba. Restava-lhes viver aquele bocadinho como se fossem um só que nunca seriam. Viveram um Domingo à tarde, daqueles que demoram a passar, daqueles em que um cobertor envolve dois corpos e os leva a passear até ao passado, bem agarrados para se não perderem, abriram uma garrafa de vinho enquanto a lareira lhes aquecia os pés, que a alma já estava quente. Ainda era Domingo, por ali se deixaram ficar, chovia lá fora. Quando o início chegou ao fim e o autocarro se aproximou para os arrastar por mais uma viagem, foram cada um para o seu canto. Viveram ali, naquele bocadinho, tudo o que tinham a viver, não havia mais possibilidades, não havia nada que os pudesse surpreender. Teriam assim uma vida... perfeita... Acabou tudo ali, naquele início, perceberam os dois... Entraram para o autocarro e sentaram-se um ao lado do outro. Tudo aquilo que imaginaram podia não fazer qualquer sentido, poderiam ser qualquer coisa, poderiam não ser coisa nenhuma, mas ainda não se conheciam, e nunca se sabe o que esperar de alguém que faz da realidade um misto de sonho e magia. Deixaram-se ir juntos, diz o tempo, que se deixaram ir assim para sempre e nunca souberam para onde iam. Nem se sabe se têm cobertor para os embalar pela vida! Mas agora viajavam juntos e e sabiam que o mundo era infinito!! Será que as janelas têm cortinas verdes?

Da vida para sempre (Gabriel Garcia Marquez)

"(...) enfrentei pela primeira vez o meu ser natural enquanto decorriam os meus noventa anos. Descobri que a minha obsessão de que cada coisa estivesse no seu lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente ordenada mas, pelo contrário, um sistema completo de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, mas como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir a minha mesquinhez, que passo por prudente por ser pessimista, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que não se saiba que pouco me importa o tempo alheio. Descobri, por fim, que o amor não é um estado de alma mas um signo do Zodíaco. "

Ficas para Sempre! 

sábado, 19 de abril de 2014

Mais uma noite, mais uma aventura talvez!! De início ia a medo a meio ia com muito mais medo ainda!! Não é fácil viver num mundo onde se quer agradar a todos e ele sabia-o, tarde demais talvez... No fundo nunca se respeitara, respeitara sempre os outros acima dele. E com esse respeito a única coisa que ganhava era mais medo ainda... Um dia, numa tarde quente e cinzenta de Verão desnorteado cruzou-se com ela, cheirava a flor de mar, aquela combinação de doce com salgado, sabia-o antes de se aproximar dela. Ao aproximar-se perdeu-se, ela vivia livre, livre dos julgamentos dos outros, vivia para si e depois para os outros, construiu-se para poder construir nos outros! Ele, ainda a medo, deixou-se ir, perdido, sem perceber onde iria este caminho levar. Estava fascinado com a complexidade daquela simplicidade... Foi sempre assim a medo e sabe-se que se foi embora antes de perceber o que era tudo aquilo! O medo mais uma vez havia vencido, restava-lhe agora ser forte para uma outra vida... Uma outra vida que tinha medo de encontrar... Não se sabe se foi sempre assim, tinham medo de lhe perguntar, porque tinham medo que tivesse medo de responder. Havia perguntas para as quais as respostas não estavam preparadas, havia respostas que ainda não tinham perguntas preparadas. Foi aí que percebeu que o medo não fazia sentido e as respostas não surgem sempre depois das perguntas e a morte não surge sempre a seguir à vida! A morte surge a cada vez que o medo vence a vida. Não se perguntou, limitou-se a ficar com esta resposta, com medo de que a seguir a esta pergunta viesse outra.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Como que em tom de despedida, como quem percebe que construiu um mundo aonde não pertence fugiu, com o falso pretexto de que ir seria a melhor saída para quem nunca chegou a entrar... Fugiu, como que se ficar fosse condenar a chegada que nunca o chegou a ser... À medida que corria percebia que queria ficar e à medida que se ia afastando percebia que só queria ter ficado... E foi... Foi sempre, porque ir era não ficar, era não ser... Não se sabe se chegou a ser, só se sabe que nunca foi!!

Este blog merece melhores dias, em tom de "até já" e de respeito por quem se habituou, me despeço dos que me seguem!! "até já"!!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Vivia assim... Como quem não vive! Todos duvidavam dele, mesmo quando parecia fazer sentido... Muitos havia que o ouviam, que o viam e que o tentavam viver, muitos se agarravam a ele, como que se fosse a última, a derradeira, esperança, a esperança que fazia com que continuassem a suportar a realidade tantas vezes fria, sem cor, tantas vezes cruel, tantas vezes injusta... Era quase como um acreditar por falta de uma opção melhor. Havia outros que até eram felizes e se prendiam a ele também de quando em volta, fazia-os voar, fazia-os viver o que nunca seria, levava-os onde nunca ninguém poderia ir e trazia-os de volta a casa... Com ele muitos voaram livres como nunca seriam, presos a uma realidade pesada que não permitia sequer pensar em depois de amanhã. Por onde passava deixava um sorriso no rosto, um sorriso calmo, sereno, um sorriso de que nem tudo estava perdido e ainda tudo era possível. Mesmo assim, era visto como uma aberração, como um absurdo... Às vezes passeava os que não andavam por verdejantes campos e magníficas quedas de agua, mesmo esses passados breves momentos, estremunhados por uma queda de quem não podia andar e tentou, gritavam com ele. Sentia-se pequeno quando fazia tão grandes momentos. Sentia-se oprimido pela realidade, sentia-se esmagado... Era como que apenas fosse um refúgio quente dos que passam frio. Era como que um abrigo para os que apanham a chuva na face. Dizia-se que era uma casa para aqueles que perderam tudo. Dizia-se que trazia de volta os mortos e que os conseguia fazer voltar a viver. Fazia com que o passado voltasse e se alterasse todo o futuro! Às vezes esforçava-se tanto que conseguia criar mundos surreais, belos, perfeitos, utópicos!! E mesmo assim todos o olhavam como um destruidor de felicidade. como que se além de ter feito um pobre desgraçado e sem esperança viajar até onde poderia ir se acreditasse nele, fosse obrigado a ir com ele, de mãos dadas, como que a traçar-lhe um caminho que nunca devia ter esquecido. Muitos, depois de se terem cruzado com ele, desejaram que nunca o tivessem encontrado, outros tantos ficavam gratos. E nunca ninguém ficava, vivia sozinho para os outros, sem pedir nada em troca. Existia só e deixava de existir no momento a seguir. Muitos lhe chamavam sonho, muitos lhe chamavam pesadelo... E ele nunca foi mais que nada, nunca foi mais que um conselheiro que ninguém ouvia e mesmo assim, de quando em volta voltava, para tentar acordar aqueles que adormeciam à sombra de uma realidade que não tinha de ser real. 

domingo, 13 de abril de 2014

Para sempre

Dançava sob o olhar atento da lua, os seus movimentos eram livres e deixavam-se levar pelo sabor do vento, porque o vento soprava de acordo coma sua vontade. Até a lua conseguia ver a alegria que carregava no olhar, aquela alegria de quem sabe que sempre foi ao sabor da vontade e de que nunca nada a prendeu, nem a própria lua, que sempre a vigiou, lhe chegou a prender a imaginação. E quando a sua encantada brisa sopra à alma de um qualquer distraído, por um breve momento que poderá durar para sempre, dança-se ao sabor do luar e à sua vontade. E é neste dançar quase que inocente que se morde a felicidade, é neste breve instante que se promete querer ficar para sempre. 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Estar onde não ser

Num qualquer dia diz-se que se apercebeu... Vivera muito tempo iludido pela realidade que se esquecera da razão da imaginação... Ou seria ao contrário!? Às vezes esquecia-se do seu lugar, colocava-se em sítios que não era seus, pelo menos não seriam durante muito tempo e na realidade... Parecia-lhe que seriam eternos. Outras vezes saía de onde pertencia para estar aonde nunca seria... Vivia realmente o que nunca viveria, como que se já tivesse sido o que nunca foi... Por vezes julgavam-no perdido num mundo que não era igual aos outros... Talvez não fosse, o mundo é cheio de coisas que são e de outras que nunca serão... O mundo dele é cheio de coisas que não são e sempre foram e cheio de coisas que são e que nunca seriam... Por vezes chamavam-lhe louco, mas no seu mundo diz-se que ser louco é uma opção, como no mundo dos outros viver também o é. Ser louco seria ser mais ou ser menos, mas seria não ser igual aos seres dos outros... Às vezes fazia sentido e ficava onde não era... Outras vezes não fazia sentido sair de onde estava e ia... Às vezes voltava, mas nunca voltava inteiramente... às vezes ficava de onde não era para perceber quem seria, se ser não fosse como é... Mas nunca ficava "para sempre" porque não se pode ficar para sempre de onde se não é... Diz-se que foi assim, não se sabe se foi quem quis ser, não se sabe se não foi quem realmente foi... Foi sempre uma folha em branco cheia de coisas que nunca seriam, era uma folha cheia de coisas que sempre foram e nunca chegaram a ser... E por fim foi uma história sem fim, porque quem nunca foi e conseguiu ser merece viver para sempre aonde não é... 

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...