segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fugir para a frente

Eu quero ser feliz, pensava um dia destes. Não é que a tristeza me tenha alguma vez invadido de forma a criar ninho, mas sentia que queria ser feliz. Olhava para trás e para a frente e nada me parecia fazer muito sentido, mas queria ser feliz na mesma. Atrás havia muita coisa começada e mal acabada e para a frente não me parecia que viesse a terminar melhor. Foi então que decidi que tudo o que ficou para trás não mais era que vida perdida, que obras abandonadas. Comecei a aceitar que esses monumentos inacabados, sem sentido, tinham de ficar lá, não podiam continuar a lutar para serem terminados, já não faziam sentido, a vida que lá poderia existir, já há muito foi perdida, desperdiçada. Aceitei que os erros de trás, mais não foram que a estrada que me trouxe até aqui. Acabei por lhes agradecer. O erro foi muita das vezes a melhor forma que encontrei para "fugir" para a frente. Foram erros precisos, erros importantes. E assim, sem guardar rancor ao passado, sem culpar os erros precisos, sem culpar os amigos perdidos, as noites grandes, o dias pequenos, sem me culpar por todas as perdas que se foram construindo, decidi fugir para a frente. Para o futuro e tentar ser feliz. Sei que me vou deparar muitas vezes com as obras inacabadas do passado, mas sei também que mais não serão que pedaços de vida perdidos que se fazem aparecer, para nos tentarem iludir, para nos tentarem roubar um bocadinho mais de vida. Porque eu não guardo rancor ao passado, mas o passado certamente terá alguns guardados para mim.

3 comentários:

  1. "foge-se quando alguma coisa nos persegue. atrás de mim só tinha fantasmas, quem foge de fantasmas corre de encontro à loucura"

    não é o teu caso. fazes bem em "fugir" para a frente:)

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  2. E não são poucas as vezes que tento fugir em direcção à loucura ;) às vezes acaba por fazer bem *

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