domingo, 10 de novembro de 2013

Era um político

Ele só poderia ser boa pessoa. Não o conheciam bem, mas não havia por onde questionar a sua bondade!! Todos sabiam que já havia comprado um daqueles presentes da missão sorriso, isto porque se fazia passear com ele na parte de cima da mala do carro. Volta e meia aparecia lá na Igreja e rezava junto com os outros, com a concentração de quem absorve cada palavra. Era visto constantemente no banco alimentar. Era visto muitas vezes a carregar o saco da D. Carlota quando voltava das compras. Não se sabia bem o que fazia, mas seria, com toda a certeza, um trabalho muito honesto e bem remunerado, a sua aparência não deixava margem de dúvida, era de certeza alguém socialmente importante e no entanto carregado de bondade. A forma como tentava ajudar todos os outros voltava a evidenciar esse aspecto...
E ao fim de tantos e tantos anos as pessoas voltavam a enganar-se, voltavam a acreditar na aparência deste senhor que poderia perfeitamente ser o pior de todos os homens. Dele sabiam que dava sempre uma moeda ao sem abrigo lá do sítio e que oferecia roupa velho a gente nova. O que nunca entenderam que isto era uma imagem que se poderia vender... Enganou toda uma sociedade cansada, toda uma sociedade que se diz ilumunada, toda uma sociedade inteligente. Toda uma sociedade que não foi capaz de ir mais longe que do óbvio. Ninguém desconfiou da sua perfeição, ninguém reparou na sua falta de carácter. Ninguém duvidou, todos se deixaram levar. E quando, por fim, roubou todas as casas de todos os habitantes daquela cidade, deram conta que já lhes haviam roubado  o orgulho, a dignidade, o dinheiro, esse pouco importava agora. Roubaram tudo o que tinham de importante e agora ficavam sem nada. Até os seus mais queridos foi roubando, incentivando-os a deixar esta cidade e a ir para outro país. Foi um sem vergonha o que os roubou, enganou-os a todos com a imagem das boas acções que vendia a cada esquina. Agora era tarde e estes, os que se achavam muito inteligentes, estavam agora completamente perdidos. E aquele homem, nunca mais o viram. Juraram não se voltar a deixar enganar. E agora sabem que não vai acontecer, agora anda ali um jovem que lhes prometeu não deixar o outro fugir impune. A D. Carlota também está muito feliz, este até a leva de carro à farmácia comprar pomada para o joelho!!

2 comentários:

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...