terça-feira, 15 de abril de 2014

Vivia assim... Como quem não vive! Todos duvidavam dele, mesmo quando parecia fazer sentido... Muitos havia que o ouviam, que o viam e que o tentavam viver, muitos se agarravam a ele, como que se fosse a última, a derradeira, esperança, a esperança que fazia com que continuassem a suportar a realidade tantas vezes fria, sem cor, tantas vezes cruel, tantas vezes injusta... Era quase como um acreditar por falta de uma opção melhor. Havia outros que até eram felizes e se prendiam a ele também de quando em volta, fazia-os voar, fazia-os viver o que nunca seria, levava-os onde nunca ninguém poderia ir e trazia-os de volta a casa... Com ele muitos voaram livres como nunca seriam, presos a uma realidade pesada que não permitia sequer pensar em depois de amanhã. Por onde passava deixava um sorriso no rosto, um sorriso calmo, sereno, um sorriso de que nem tudo estava perdido e ainda tudo era possível. Mesmo assim, era visto como uma aberração, como um absurdo... Às vezes passeava os que não andavam por verdejantes campos e magníficas quedas de agua, mesmo esses passados breves momentos, estremunhados por uma queda de quem não podia andar e tentou, gritavam com ele. Sentia-se pequeno quando fazia tão grandes momentos. Sentia-se oprimido pela realidade, sentia-se esmagado... Era como que apenas fosse um refúgio quente dos que passam frio. Era como que um abrigo para os que apanham a chuva na face. Dizia-se que era uma casa para aqueles que perderam tudo. Dizia-se que trazia de volta os mortos e que os conseguia fazer voltar a viver. Fazia com que o passado voltasse e se alterasse todo o futuro! Às vezes esforçava-se tanto que conseguia criar mundos surreais, belos, perfeitos, utópicos!! E mesmo assim todos o olhavam como um destruidor de felicidade. como que se além de ter feito um pobre desgraçado e sem esperança viajar até onde poderia ir se acreditasse nele, fosse obrigado a ir com ele, de mãos dadas, como que a traçar-lhe um caminho que nunca devia ter esquecido. Muitos, depois de se terem cruzado com ele, desejaram que nunca o tivessem encontrado, outros tantos ficavam gratos. E nunca ninguém ficava, vivia sozinho para os outros, sem pedir nada em troca. Existia só e deixava de existir no momento a seguir. Muitos lhe chamavam sonho, muitos lhe chamavam pesadelo... E ele nunca foi mais que nada, nunca foi mais que um conselheiro que ninguém ouvia e mesmo assim, de quando em volta voltava, para tentar acordar aqueles que adormeciam à sombra de uma realidade que não tinha de ser real. 

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