segunda-feira, 12 de maio de 2014

Até ao fim

Nunca se sabe até quando se lembra o que se não pode esquecer. 
Nunca se sabe quando é que o tempo dá o último golpe na memória 
de quem se perde no espaço e se vai encontrando no tempo passado. 
Agora, que ainda me lembro e ainda te posso dizer quem sou, ouve o
que tenho para te dizer. Antes que um dia partas na memória como 
quem parte num sonho há muito construído, antes que deixes de ser
a luz que apaga a noite lá fora e guia os que vagueiam sem destino,
antes que o tempo e o espaço se confundam com sonho e realidade,
antes que a vida te torne numa sombra sem rosto, antes que a vida e
os caminhos nos troquem os dias e as vontades e as memórias e os 
momentos, antes que os medos de nós nos atropelem numa qualquer 
rua mais escura de dia, antes que sejas passado sem presente e futuro
apagado, antes que... Antes que o fim se tente impor no que seria para
sempre deixa que diga que o fim é uma miragem e o tempo é um 
caminho sinuoso e íngreme numa viagem atribulada e sem destino 
adivinhado. Deixa que te diga que tudo o que se construiu se não 
pode perder na viagem, porque já és caminho, já és casa, já és eu
e todos os momentos em que te caí nos ombros cansados do mundo 
serão para sempre nossos e as marcas que ficam em mim serão sempre 
tuas, mesmo que não tenhas rosto e te percas nas memórias, no tempo. E
mesmo que vida te leve para longe de nós serás para sempre... até ao fim.

5 comentários:

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