Lembro-me daquelas noites de Verao
em que saia sem aquele peso do que
aí viria... Beber com os amigos,
sem ter receio de que no dia seguinte
poderia acordar de ressaca ao lado
de um papel que correspondia a uma
avultada multa passada pelos senhores
de fatiota verde...
Sair sem o receio de que no outro dia
as horas perdidas "hoje" fossem fazer
para lá de muita falta...
Tenho saudades desses dias, em que
saimos so os dois... so nos...
Tenho saudades daquelas noites em que
podia correr para todo o lado sem o receio,
esse receio miudinho, de encontrar quem
no meio de tanta gente, nao queria...
E isso leva-me a nós... Um nós que
corria para todo o lado sem medo de tudo...
Esse nos cansou-se... Mas eu vou sozinho!!
E vai ser hoje, ou amanha... Que vou correr
sem esse "medo" que te atormenta...
Hoje ou amanha...
terça-feira, 31 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Aceitem!
Eu sei que nos acostumamos. Mas não deviamos.
Habituamo-nos a viver no apartamento dos fundos
e a não ter outra vista que não a das janelas á volta.
E porque não temos uma vista, acostumamo-nos a nao olhar para fora.
E porque não olhamos para fora, acostumamo-nos a não abrir a cortina.
E porque não abrimos a cortina, acostumamo-no a acender a luz mais cedo.
E a medida que nos acostumamos, esquecemos o sol, esquecemos o ar, esquecemos a grandiosidade.
Acostumamo-nos a acordar de manhã exaltados porque está na hora.
A tomar café a correr porque estamos atrasados.
A ler o jornal no autocarro porque não podemos perder o tempo da viagem.
A comer porcaria porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é de noite.
A adormecer no autocarro por estarmos cansados
A ir dormir pesados porque acabamos de nao viver mais um dia.
Habituamo-nos a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E ao aceitar a guerra, aceitamos os mortos e que haja um número para os mortos.
E ao aceitar os números aceitamos não acreditar em negociações de paz,
aceitamos ler todos os dias acerca de guerras, dos números, da longa duração.
Acostumamo-nos a esperar o dia inteiro, a ouvir pelo telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso em troca.
A ser ignorados quando precisavamos tanto ser vistos.
Acostumamo-nos a pagar por tudo o que desejamos e por tudo que necessitamos.
A lutar para ganhar dinheiro a fim de pagar esse "todo".
E a ganhar menos do que precisamos.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagarremos mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter como pagar nas filas onde se tem de pagar.1
Acostumamo-nos a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver publicidade.
A ir ao cinema e ver promoçoes.
A ser levados, dirigidos, quase obrigados a cair na infindável lista de produtos.
acostumamo-nos à poluição.
As salas fechadas com ar condicionado e cheiro a tabaco.
A luz artificial de ligeiramente tremula.
Ao choque que os olhos levam com a luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Acostumamo-nos a não ouvir o passarinho, a não ter o galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta da arvore, a não ter sequer uma planta.
acostuma-nos a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vamos afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, sentamo-nos na primeira fila e corremos a lengeda.
Se a praia está contaminada molhamos apenas os pés e suamos no resto do corpo.
Se o trabalho nao vai bem, consolamo-nos a pensar no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, vamos para a cama cedo
e ainda ficamos satisfeitos porque precisavamos mesmo dormir.
Aprendemos a aceitar tudo, para preservar a pele.
Acostumamo-nos para evitar feridas, sangramentos, para nos esquivarmos
da faca para salvar o coraçao.
Habituamo-nos a tudo para poupar a vida que aos poucos se perde, que se perde de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Fodasse!!!!!
Baseado numa Marina qualquer coisa... Mas é uma boa imagem de tudo aquilo que fazemos todos os dias...
Habituamo-nos a viver no apartamento dos fundos
e a não ter outra vista que não a das janelas á volta.
E porque não temos uma vista, acostumamo-nos a nao olhar para fora.
E porque não olhamos para fora, acostumamo-nos a não abrir a cortina.
E porque não abrimos a cortina, acostumamo-no a acender a luz mais cedo.
E a medida que nos acostumamos, esquecemos o sol, esquecemos o ar, esquecemos a grandiosidade.
Acostumamo-nos a acordar de manhã exaltados porque está na hora.
A tomar café a correr porque estamos atrasados.
A ler o jornal no autocarro porque não podemos perder o tempo da viagem.
A comer porcaria porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é de noite.
A adormecer no autocarro por estarmos cansados
A ir dormir pesados porque acabamos de nao viver mais um dia.
Habituamo-nos a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E ao aceitar a guerra, aceitamos os mortos e que haja um número para os mortos.
E ao aceitar os números aceitamos não acreditar em negociações de paz,
aceitamos ler todos os dias acerca de guerras, dos números, da longa duração.
Acostumamo-nos a esperar o dia inteiro, a ouvir pelo telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso em troca.
A ser ignorados quando precisavamos tanto ser vistos.
Acostumamo-nos a pagar por tudo o que desejamos e por tudo que necessitamos.
A lutar para ganhar dinheiro a fim de pagar esse "todo".
E a ganhar menos do que precisamos.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagarremos mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter como pagar nas filas onde se tem de pagar.1
Acostumamo-nos a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver publicidade.
A ir ao cinema e ver promoçoes.
A ser levados, dirigidos, quase obrigados a cair na infindável lista de produtos.
acostumamo-nos à poluição.
As salas fechadas com ar condicionado e cheiro a tabaco.
A luz artificial de ligeiramente tremula.
Ao choque que os olhos levam com a luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Acostumamo-nos a não ouvir o passarinho, a não ter o galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta da arvore, a não ter sequer uma planta.
acostuma-nos a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vamos afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, sentamo-nos na primeira fila e corremos a lengeda.
Se a praia está contaminada molhamos apenas os pés e suamos no resto do corpo.
Se o trabalho nao vai bem, consolamo-nos a pensar no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, vamos para a cama cedo
e ainda ficamos satisfeitos porque precisavamos mesmo dormir.
Aprendemos a aceitar tudo, para preservar a pele.
Acostumamo-nos para evitar feridas, sangramentos, para nos esquivarmos
da faca para salvar o coraçao.
Habituamo-nos a tudo para poupar a vida que aos poucos se perde, que se perde de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Fodasse!!!!!
Baseado numa Marina qualquer coisa... Mas é uma boa imagem de tudo aquilo que fazemos todos os dias...
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Nao tem de ter um título... tem?
Nao tinha acerca do que escrever, dizia...
Olhava em volta e nao mais via que
um computador, nao muito moderno,
nao muito antigo... Descrever o quê?
Paredes vazias, cheias de nada...
Estantes cheias de objectos sem significado,
até que te aproximas, reparas em livros,
livros que contam uma história, que já
te roubaram uma ou outra noite...
Livros esses que tenho plena noçao que
nao são todos meus, ou melhor, são, mas
nao fui eu que os escolhi, além da
história interior ainda têm o como
cá teriam chegado...
Mais... Que haverá mais por aqui?
Ahhh Uma janela... Rectangular,
nada demais... A paisagem aparente
também ela nada demais... Mas por esta
janela consigo imaginar um mundo inteiro
lá fora... Vou sair... Foi um prazer!!
Salvo por uma janela de madeira...
Quem diria??
Olhava em volta e nao mais via que
um computador, nao muito moderno,
nao muito antigo... Descrever o quê?
Paredes vazias, cheias de nada...
Estantes cheias de objectos sem significado,
até que te aproximas, reparas em livros,
livros que contam uma história, que já
te roubaram uma ou outra noite...
Livros esses que tenho plena noçao que
nao são todos meus, ou melhor, são, mas
nao fui eu que os escolhi, além da
história interior ainda têm o como
cá teriam chegado...
Mais... Que haverá mais por aqui?
Ahhh Uma janela... Rectangular,
nada demais... A paisagem aparente
também ela nada demais... Mas por esta
janela consigo imaginar um mundo inteiro
lá fora... Vou sair... Foi um prazer!!
Salvo por uma janela de madeira...
Quem diria??
terça-feira, 10 de agosto de 2010
"The man from earth"
E se um homem tivesse vivido o
tempo suficiente para ser o Homem?
E ainda andasse por ai para contar?
Brilhante brilhante brilhante...
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
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