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quarta-feira, 30 de setembro de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
Shakespeare
"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendesque amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. Acabas por aceitar as derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprendes a construir todas as tuas estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em vão. Depois de algum tempo aprendes que o sol queima se te expuseres a ele por muito tempo. Aprendes que não importa o quanto tu te importas, simplesmente porque algumas pessoas não se importam... E aceitas que apesar da bondade que reside numa pessoa, ela poderá ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir a confiança e apenas segundos para destruí-la, e que poderás fazer coisas das quais te arrependerás para o resto da vida. Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem tu mais te importas são tiradas da tua vida muito depressa, por isso devemos sempre despedir-nos das pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somosresponsáveis por nós mesmos. Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser. Descobres que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto. Aprendes que, ou controlas os teus actos ou eles te controlarão e que ser flexível nem sempre significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, existem sempre os dois lados.Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer enfrentando as consequências. Aprendes que paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te empurre, quando cais, é uma das poucas que te ajuda a levantar.Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que aprendeste com elas do que com quantos aniversários já comemoraste. Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas. Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são disparates, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.Descobres que só porque alguém não te ama da forma que desejas, não significa que esse alguém não te ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, poderás ser em algum momento condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que tu o consertes. Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás.Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores. E aprendes que realmente podes suportar mais...que és realmente forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida!"
Será assim?
"Sei o que quero. E sei o que posso.
As circunstâncias que me levaram até ao que sou hoje nunca seriam suficientemente interessantes. Interessa-me o que posso ser. Interessa-me o que sou. Interessa-me o pensamento, o sentimento, o espírito.
Interessam-me com fascínio estranho os obstáculos, desafios, buracos que obrigam ao salto, descidas rápidas, mas mantenho um pé na prudência, no juízo.
O percurso das vidas transforma-se em igual. Interessa quando se pára, analisa, pesquisa, quando se é diferente sem se tentar ser diferente, original, único, inédito nas acções, nas ideias, nas palavras.
Qual é o meu retrato? Como me desenho? Procuro sem ansiedade ou desassossego mas anseio pelo próximo passo.
E o que me move é e será sempre o pensamento, a ideia. Descobri-los.
Não o pensamento inteligente, o pensamento lateral, criativo, perspicaz ou criador.
Nem é o pensamento da vida, sobre a vida, pela vida no seu aspecto mais amplo ou transcendente. Ou o pensamento filosofal, exagerado, circunscrito às ideias e ampliado ao universo.
Mas o pensamento sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre os objectos e as imagens. Um pensamento tão simples que é o de todos os dias e talvez o de todas as pessoas mas que de vez em quando se transforma na ideia brilhante, no texto exemplar ou simplesmente no que procuro ser. De vez em quando.
E este é o meu retrato."
Encontra-se no segundo impacto.
As circunstâncias que me levaram até ao que sou hoje nunca seriam suficientemente interessantes. Interessa-me o que posso ser. Interessa-me o que sou. Interessa-me o pensamento, o sentimento, o espírito.
Interessam-me com fascínio estranho os obstáculos, desafios, buracos que obrigam ao salto, descidas rápidas, mas mantenho um pé na prudência, no juízo.
O percurso das vidas transforma-se em igual. Interessa quando se pára, analisa, pesquisa, quando se é diferente sem se tentar ser diferente, original, único, inédito nas acções, nas ideias, nas palavras.
Qual é o meu retrato? Como me desenho? Procuro sem ansiedade ou desassossego mas anseio pelo próximo passo.
E o que me move é e será sempre o pensamento, a ideia. Descobri-los.
Não o pensamento inteligente, o pensamento lateral, criativo, perspicaz ou criador.
Nem é o pensamento da vida, sobre a vida, pela vida no seu aspecto mais amplo ou transcendente. Ou o pensamento filosofal, exagerado, circunscrito às ideias e ampliado ao universo.
Mas o pensamento sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre os objectos e as imagens. Um pensamento tão simples que é o de todos os dias e talvez o de todas as pessoas mas que de vez em quando se transforma na ideia brilhante, no texto exemplar ou simplesmente no que procuro ser. De vez em quando.
E este é o meu retrato."
Encontra-se no segundo impacto.
Os verdadeiros burros e os falsos loucos
"O mais esperto dos homens é aquele que, pelo menos no meu parecer, espontâneamente, uma vez por mês, no mínimo, se chama a si mesmo asno..., coisa que hoje em dia constitui uma raridade inaudita. Outrora dizia-se do burro, pelo menos uma vez por ano, que ele o era, de facto; mas hoje... nada disso. E a tal ponto tudo hoje está mudado que, valha-me Deus!, não há maneira certa de distinguirmos o homem de talento do imbecil. Coisa que, naturalmente, obedece a um propósito.Acabo de me lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola. Coisa de dois séculos e meio passados dizia-se em Espanha, quando os Franceses construíram o primeiro manicómio: «Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que têm juízo». Os Espanhóis têm razão: quando fechamos os outros num manicómio, pretendemos demonstrar que estamos em nosso perfeito juízo. «X endoideceu...; portanto nós temos o nosso juízo no seu lugar». Não; há tempos já que a conclusão não é lícita. "
Fiodor Dostoievski, in "Diário de um Escritor"
Fiodor Dostoievski, in "Diário de um Escritor"
Frivolidade
"O respeito que a tragédia inspira é muito mais perigoso do que a despreocupação de um chilrear de criança. Qual é a eterna condição das tragédias? A existência de ideias, cujo valor é considerado mais alto do que o da vida humana. E qual é a condição das guerras? A mesma coisa. Obrigam-te a morreres porque existe, dizem, alguma coisa que é superior à tua vida. A guerra só pode existir no mundo da tragédia; desde o começo da sua história, o homem apenas conheceu o mundo trágico e não é capaz de sair dele. A idade da tragédia só pode ser encerrada por uma revolta da frivolidade. As pessoas já só conhecem da Nona de Beethoven os quatro compassos do hino à alegria que acompanham a publicidade dos perfumes Bella. Isso não me escandaliza. A tragédia será banida do mundo como uma velha cabotina que, com a mão no peito, declama em voz áspera. A frivolidade é uma cura de emagrecimento radical. As coisas perderão noventa por cento do seu sentido e tornar-se-ão leves. Nessa atmosfera rarefeita, desaparecerá o fanatismo. A guerra passará a ser impossível."
Milan Kundera, in "A Imortalidade"
Milan Kundera, in "A Imortalidade"
Um recado
A poesia eternamente sinónimo de melancolia, casou-se obrigada com a tristeza, a mágoa e o pesar. Sinónimo de inteligência da mente e do espírito foi sendo considerada como o género literário mais difícil de compreender e de alcançar.Usada tanto na oralidade como na escrita, a poesia significou sempre um lado triste de alguém, ou o lado sincero.Sempre o compreendi. Sempre me revi na poesia escura e nas palavras duras e sérias e também naquelas vagas, nas metáforas que se compreendem à terceira e no significado que parece ser o nosso. E que e é capaz de ser tão incrivelmente simples.Na vida, não pode ser igual. A poesia não pode estar ligada ao nosso corpo como a nossa figura. Deve sobrepor-se como uma capa e uma mentira se for preciso. A vida não é o que se escreve.Um dia achei que sim quando me entreguei por completo e as palavras eram mais palavras (achava eu) se as sentisse como elas se designam.A morte, o frio, a solidão, a saudade. E tinha que sentir a morte, o frio, a solidão e a saudade.E as palavras chegavam lindas, com um significado imenso, carregadas de sentimento que os outros nunca compreenderiam porque é bom ser-se incompreendido na poesia, e eu chorava e queria morrer e estava bem ali, naquele fundo imenso, naquele abismo cheio de palavras e cheio de sentimentos e sem nenhuma e qualquer vida.Não interessava, porque no caderno tinha tudo e um dia... sempre o sentimento utópico de que um dia, alguém iria saber.Os outros deixaram de ser importantes, não precisava de ninguém para escrever, essa ausência alimentava-me, sustentava-me. E a vida passava. Passava sem que me importasse.Lá fora havia as coisas que escrevia e adivinhava. Havia as pessoas que me amavam como nunca um livro me poderia amar e conheciam-me como nunca um poema meu o poderia fazer.Não interessava, porque o meu buraco escuro conhecia-me, achava eu. E a vida lá fora era fraca, débil, superficial. Na poesia criava o meu mundo e a minha vida tinha interesse e conteúdo e linhas e páginas.Até que um dia, no dia mais triste da minha vida, não fui capaz de olhar directamente nos olhos da minha mãe.E como se eu fosse doente, procurou os meus olhos e não me conhecia.Escrever era um corte que diariamente me aliviava os braços e as pernas e o corpo todo. E os outros não me faziam falta até ali.E nos piores sentimentos que procurei na poesia, encontrei-o ali. À minha frente. Não fui reconhecida por quem estava mais perto.E sem deixar de lado a minha vida, a minha poesia, aquilo que ainda hoje me faz chorar e sorrir, puxei para mim aqueles, que hoje me fazem escrever.
By: Maria Ana
By: Maria Ana
Ambiçao...
No dia-a-dia, contento-me com o meu trabalho que me parece sempre suficiente até começar a pensar realmente nele. De repente, sou atingido por um vento forte de ambição e empreendedorismo. Eu vou fazer isto! Eu podia fazer aquilo!Pego num caderno, olho para a folha, preparo a caneta e procuro as ideias.
Dura 2 minutos.Lá vão elas.
In: http://segundoimpacto.blogspot.com/
Dura 2 minutos.Lá vão elas.
In: http://segundoimpacto.blogspot.com/
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O livre arbítrio não existe.
"O livre arbítrio não existe.Contemplando uma cascata, acreditamos ver nas inúmeras ondulações, serpenteares, quebras de ondas, liberdade da vontade e capricho; mas tudo é necessidade, cada movimento pode ser calculado matematicamente. O mesmo acontece com as acções humanas; poder-se-ia calcular antecipadamente cada acção, caso se fosse omnisciente, e, da mesma maneira, cada progresso do conhecimento, cada erro, cada maldade. O homem, agindo ele próprio, tem a ilusão, é verdade, do livre-arbítrio; se por um instante a roda do mundo parasse e houvesse uma inteligência calculadora omnisciente para aproveitar essa pausa, ela poderia continuar a calcular o futuro de cada ser até aos tempos mais distantes e marcar cada rasto por onde essa roda a partir de então passaria. A ilusão sobre si mesmo do homem actuante, a convicção do seu livre-arbítrio, pertence igualmente a esse mecanismo, que é objecto de cálculo. "
Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'
Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'
sábado, 5 de setembro de 2009
Escrever
Escrever é não aguentar mais guardar a alma.
É largar o peso das palavras e fugir a sete pés.
Escrever é quando a vida se mente a si mesma e tudo são flores e rios e céus azuis e passarinhos queridos e velhinhos felizes de mãos dadas.
Escrever é quando a vida se revela sem piedade e tudo é guerra.
Escrever é paixão.
É a vontade, a saudade estranha e a que existe.
Escrever é a tristeza.
A grande e a pequena tristeza.
Escrever é ter um filho, perder um lápis, querer um gelado.
Escrever é casar, fugir, esquecer.
Escrever é amar o mundo e desejar que nunca existisse.
É viver numa ilha e estar preso no meio da multidão.
É perder o tempo com nada e não haver tempo para tudo.
É chorar sem porquês, rir sem porquês, viver sem porquês.
Escrever é estar aqui para sempre.
Em: Segundo impacto
É largar o peso das palavras e fugir a sete pés.
Escrever é quando a vida se mente a si mesma e tudo são flores e rios e céus azuis e passarinhos queridos e velhinhos felizes de mãos dadas.
Escrever é quando a vida se revela sem piedade e tudo é guerra.
Escrever é paixão.
É a vontade, a saudade estranha e a que existe.
Escrever é a tristeza.
A grande e a pequena tristeza.
Escrever é ter um filho, perder um lápis, querer um gelado.
Escrever é casar, fugir, esquecer.
Escrever é amar o mundo e desejar que nunca existisse.
É viver numa ilha e estar preso no meio da multidão.
É perder o tempo com nada e não haver tempo para tudo.
É chorar sem porquês, rir sem porquês, viver sem porquês.
Escrever é estar aqui para sempre.
Em: Segundo impacto
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