E depois, como que atropelado por uma vida que queria para si, decide acreditar, acreditar faz sentido, tal como viver ali, naquele espaço pequeno, estrondosamente pequeno, que de repente se tornou maior que tudo, maior que que a existência. Mas, como se nada o fizesse adivinhar, sente-a fugir... A vida que queria.. O futuro que um dia imaginara desvanece-se na realidade que se impôs, que foi sempre mais forte, mais forte que tudo aquilo em que acredita. é como que se o sonho que sempre se imaginara maior fosse, afinal, pequeno, esmagadoramente pequeno, à beira da realidade.. E a vida e o tempo e o tempo de vida e o que lhe resta é menos, é menos do que sonhara, é menos do que imaginara... Mas pior, muito pior, era a realidade, a sua realidade, ser tão mais pequena que o sonho.
Dizia-se, já há muito, que era sempre assim... Aparentemente tudo parecia ser possível, que a simbiose se julgava perfeita, até que se percebia que a perfeição nem sempre chega, o sentimento de sobra nem sempre é suficiente... Afinal é como todos diziam, os sonhos não cabem na realidade... E não cabem só porque parecem possíveis e parecem fáceis de alcançar e parecem perfeitos e parecem... parecem... Só isso... Parecem... Na realidade o sonho não pode ser possível... Se fosse realidade já não era um sonho e um sonho não pode ser real... E a felicidade não pode ser assim, fácil...
E foi assim que percebeu que não podia, não podia ser real, tinha de ser um sonho... Mas depois, mais uma vez a vida e o tempo... O faziam questionar... Se o sonho pode ser real e a realidade pode ser sonhada.. Porque é que se não vive o sonho? Se na realidade o pior que acontece quando se acorda de um sonho bom é querer ficar a sonhar mais um bocadinho? Então, se agora conseguia sonhar de olhos abertos, porque é que tinha de correr mal? Porque é que não poderia voltar a querer ficar acordado e sonhar? Só mais um bocadinho?