Olhou para o relógio, já era tarde, no entanto o dia parecia não ter ainda nascido. A sua mulher dormia ainda profundamente ao seu lado, coisa que àquela hora não era habitual, ela saía muito antes dele e nunca adormecera até então. Algo parecia estar errado, seria um problema com o relógio? Seria um problema com o dia? Será que nasceu com a luz apagada hoje? Nada parecia fazer sentido, levantou-se. Caminhou lentamente pela casa. Veio à porta, na rua ninguém parecia apressado como de costume, pelo contrário, dedicavam-se a tarefas caseiras, jardinagem, brincar com os miúdos, não se sentia o peso dos dias, como de costume. Quis trocar uma ideia com alguém que passasse, mas todos pareciam fugir-lhe. Decidiu então acordar a mulher, isto não era normal, este dia não era igual aos outros, nada fazia sentido. Acordou-a, ternamente para não a assustar, sussurrou-lhe que era tarde e devia ir trabalhar. Ela respondeu-lhe baixinho que era Sábado e que passaram o dia a dormir... Era o primeiro Sábado dele naquela casa. Os dias já não eram iguais... E amanhã, será que se lembraria ser Domingo? Seriam os dias iguais ali, naquela casa? Seriam todos diferentes? Como é que iria conseguir distingui-los como sempre fizera antes? Foram perguntas destas que o foram transformando num prisioneiro do tempo e ele, coitado, nunca chegou a perceber que não era livre. Ia dormir agora... Amanhã seria outro dia... Não se sabe qual, mas seria outro e não seria igual a mais nenhum, nem se voltaria a repetir, já aprendera isso, pelo menos.
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