E enquanto caminho sem destino, vejo no rosto dos
outros o sorriso de dever cumprido. Mal sabem eles
que o meu dever é continuar a caminhar, porque, sem
destino acabo por não estar onde queria e assim não
corro o risco de voltar a estragar tudo. Compromissos
assustam-me, fazem-me perder ainda mais o sentido,
sinto-me apertado, como se a cada encontro, nada
mais me esperasse que mais um desencontro. Julgo-me
assim livre, como que se um compromisso não fosse a
melhor definição de liberdade que encontrara até hoje.
Só num compromisso somos completamente livres,
livres de ficar ou ir. Fora deles mais não somos que
um preso pela parte de fora, que há-de ser a pior
prisão de todas. Mergulho no imenso mar da minha
imaginação e imagino-me preso pela parte de dentro
e entendo que a vontade de fugir diminui consideravelmente.
E enquanto caminho sem destino vejo nos outros o
sorriso de dever cumprido, presos por dentro a um
compromisso e eu lá vou caminhando na direcção
deste magnífico desencontro que se tornou a vida.
A minha, a deles e a daqueles que nunca se hão-de
encontrar e sorrio com o mesmo sentido de dever cumprido,
com a ténue diferença de que eu sei porque sorrio.
com a ténue diferença de que eu sei porque sorrio.
Sem comentários:
Enviar um comentário