domingo, 10 de novembro de 2013

Não sabia muito

Era um senhor... Os cabelos grisalhos faziam perceber que já algum tempo havia passado por ele. Carregava consigo toda a felicidade do mundo, sabia-o porque se notava o mais sincero e aberto sorriso que se lembra ter visto e começou aos poucos a perceber que esse sorriso se carregava mais de alegria quando se aproximava a visita de uma menina... Saltitante, estacionava o carro à sua porta e entrava, o senhor lá a esperava, de sorriso rasgado no rosto. Talvez adivinhasse de antemão que seria mais um momento perfeito na presença daquela enigmática menina. De lá, de longe, parecia-lhe uma menina discreta, parecia bonita, parecia querer passar pela vida sem dar nas vistas dos que não interessam, sabia-o pela forma como o senhor ficava antes da sua chegada. Para os outros, os que não a conheciam, nada simbolizava, para ele era como se mais a perfeita e harmoniosa pessoa do mundo entrasse por aquela porta, era como que se a solução de todos os seus problemas entrasse aos pulinhos alegres e contagiantes. À medida que o tempo foi passando, não se foi aproximando do senhor, afinal nunca o havia visto, só o havia imaginado. Mas foi conhecendo a menina discreta que lhe incendiava a felicidade. Agora percebia a alegria do senhor que nunca vira. Ela era capaz de transformar mais um dia no dia mais incrível de sempre, fazia-o fazendo pouco, sorrindo só, brincando com as palavras, arrancando o sentido bom de tudo o que os rodeava. Esta menina que queria passar ao lado dos olhares que lhe pouco importavam tinha a capacidade de nos fazer querer viver mais, cada vez mais, tinha a capacidade de nos fazer acreditar de que se poderia sonhar como outrora, fazia com que o mundo não parecesse apenas um lugar escuro e sombrio que nos arrastaria sempre para um buraco... Um simples abraço dela conseguia abrandar a velocidade a que a terra girava, um pequeno sorriso tímido fazia com que se fizesse parar o tempo ali, naquele momento, a leveza da sua genialidade fazia-nos andar para trás, até quando se acreditava na inocência. Era para ele evidente, para o senhor de cabelo gasto pelo tempo, que de cada vez que estacionava o carro à sua porta, nem que fosse para lhe dar um beijinho fugaz, todo aquele tempo, que poderia aos outros parecer quase nada, fosse mais um pedaço de felicidade que o alegraria até uma próxima visita. E seria sempre feliz enquanto soubesse que ela voltava... Dele sabia apenas que era mais feliz por ela... E sabe-se agora que continuará a ser feliz enquanto a vida o deixar e ela voltar... E sabe que hoje voltou a ser mais feliz.

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