Era uma noite fria, daquelas como as de Inverno, só que de Verão.
Os casacos tornavam-se frios, por culpa do vento que teimava em
entrar-nos pelo corpo dentro. Volta e meia, um carro passava, lá
fazia a sua viagem de regresso a casa, pelos caminhos que eram deles.
O que nos levou a perceber que não devíamos estar ali, aquele espaço
não era nosso, não era deles, não era de ninguém, mas não devíamos
estar, pensamos depois, já no fim da conversa à falta de um argumento
melhor para voltarmos a casa. Falávamos acerca de tudo e nada fazia
sentido, palavras perdidas, desorientas, sem intenção, sem direcção,
até que se dizia alguma coisa que embarrava com a realidade e
tentávamos logo fugir dali, porque da realidade fugimos nós, há algum
tempo e estávamos ali, escondidos dela, na realidade não fazíamos
sentido. Se nos atrevêssemos a pensar nessa noite, teríamos todos
ido embora e teríamos perdido um momento, talvez o momento mais
especial de todas as nossas vidas (que mais não foi que ver uma cobra
com 2 patinhas, que podia muito bem ser um daqueles lagartos que
correm perdidos ao frio). E é, muitas vezes esse não pensar que nos
proporciona as mais fantásticas histórias, as mais alucinantes conversas,
as mais constrangedoras situações, as mais hilariantes verdades. É
nessas noites, nesses dias, nesse não pensar que somos realmente felizes.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...
-
Às vezes o simples entender do andar do tempo e do desenrolar do seu processo fazia-lhe impressão ao olhar para os que lhe eram de perto......
-
Mais uma manhã de chuva, daquelas manhãs que dá vontade de não deixar ir embora porque nos embala num sono em que se fica acordado e se par...
so f... true..
ResponderEliminar