E os momentos, do tempo que foi, tornam-se nos momentos que queria para sempre. Foram os momentos que ficarão para sempre, que nos fazem perder o norte e a razão, são os momentos que nos querem fazer ficar para sempre presos ao passado e nas noites mais frias e mais escuras e mais tenebrosas e mais angustiadas ou angustiantes que as outras, são essas memórias que nos voltam a fazer sorrir... E a fazer chorar de seguida, pelo que nunca foi, pelo que nunca teria sido, pelo que nunca será. E é o ser-se pequeno à beira da vida que nos faz querer desaparecer, que nos faz querer esquecer que um dia se foi feliz, é quase um querer ter sido miserável uma vida inteira. É quase um desejar que o que foi nunca tivesse sido. Mas... E se nunca tivesse sido? O que seria das noites sem dormir? Noites vazias de sentido, noites perdidas de razão, uma vida perdida de tudo encontrada em nada. Seria um nunca ter ganho. Ficam ao menos as memórias do que foi e a imaginação passeia-nos, como que se o que nunca poderia ter sido tivesse sido para sempre, até ao fim. Dizia ele, o que um dia julgara saber tudo e agora não sabia nada, que se não pode viver para perder. Coitado, ainda mal sabia que a vida nunca era a ganhar, mas sim a aprender a perder. E um dia, talvez um dia, se consiga levantar... E por entre a sombra esboçará um sorriso, talvez perto do fim da vida que, inocente, pensou ser eterna, o sorriso que o levará de volta ao passado que foi perfeito para sempre.
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