Olhas para ela, recordas-te de quando "ela" era tua.
Recordas-te das coisas sem sentido que por vezes dizia,
lembras-te de todas as brincadeiras parvas que ela te
levou a fazer, ao olhar para ela voltam-te as fotografias
parvas, o medo que ela tinha de voar, voltam as birras
sem qualquer sentido, nas quais ela tinha sempre razão,
recordas a quantidade de vezes que olhaste para trás à
procura dela quando sentias um perfume parecido com o
dela. Recordas as figuras parvas que fizeram em tudo
quanto era sítio. Agora, que olhas para ela e te recordas
de alguns dos defeitos dela, quase te faz ter saudade de
voltar a aturar todos os seus dias mal humorados, todas
as suas noites de desdém... Apetece-te voltar a ouvi-la
lamentar-se pelo exame que correu mal, tens vontade de
voltar a receber a chamada dela a dizer que afinal tirou
19... Tens vontade de voltar a acordar com ela a gritar
por causa da desarrumação, que não estacionaste o carro
no parque de casa dela, que não compraste o chá certo.
Tens saudades de caminhar junto à praia, numa noite gelada
a contar as estrelas de uma noite cheia de nuvens, sentes
falta de dar conta que eram lâmpadas. Tens saudades das
viagens sem sentido, que acabavam, por norma em sítios
tão estranhos que mos obrigava a voltar zangados e a
discutir o resto da viagem. Tens saudade de a levares ao
extremo, tens vontade de lhe voltar a dizer que fica
insuportável antes de grandes acontecimentos, tens
vontade de lhe voltar a dizer que por mais que ela tente
nunca vai conseguir perceber o teu ponto de vista, agora
até te dava vontade de lhe dar razão, porque no fim de
contas, ela tinha razão. Olhas para ela e recordas-te
a muito custo que um dia foste tu que a deixaste partir,
foste tu que lhe deste o espaço que ela precisava depois
de tantas guerras que lhe arranjaste, foste tu.
Tens saudades e vais ter. E vais arrepender-te sempre.
Mas agora é tempo de seguir em frente, porque ela não
vai esperar e tu não hás-de ter muito quem espere por ti.
terça-feira, 8 de maio de 2012
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