segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

E é ao ir que se não fica

E foi assim que partiu de si, deles, do sítio que julgara para sempre ser o mundo deles. Enganados por uma felicidade que não era, talvez, mas com a certeza de que durante um breve momento, muito breve, nada mais houve que felicidade absoluta, que alegria verdadeira, que vontade de nunca mais ir. Ao partir tentava lembrar-se de por que é que não podia ficar e ainda meio zonzo com o ir, lembrava-se que aquele foi o único sítio que teve como perfeito, o único que teve como completamente verdadeiro. O coração chorava, chorava tudo o que se não podia ver, a alma gritava-lhe que só mais um abraço calaria aquele coração, agora sem abrigo, não ligou. Partiu como partem os que perdem, mas sabem que nunca poderiam ganhar. Embalou momentos, embrulhou sorrisos, guardou os sonhos em caixas coloridas, escondeu as histórias do mundo e guardou-as só para si... Tentara ficar, tentara aguentar um mundo que tantas vezes tremia e que nunca deixava de ser o mais seguro, sentia que seria alia a sua casa para sempre... Desistiu, por fim, não por vontade de não continuar a lutar, mas por saber que o lutar só ia destruir o mundo que será para sempre perfeito. A vida seguiria sem si e ele continuaria a vida, num outro qualquer caminho que não atrapalhasse aquele mundo que julgara ser seu. Sabia que ao menos iria desembrulhar sorrisos e desembalar momentos e os sonhos, esses, teriam cor para sempre, independentemente da falta de cor que viesse, ali, no sonho, seria feliz para sempre porque o mundo... O mundo seria para sempre perfeito e intoável... E num abraço eterno ficaria para sempre ali, no mundo que quis, na vida que quis que fosse sempre sua... E sabe que assim será, para sempre... Um querer ter ficado... E se por acaso um dia se esquecesse, a alma gritaria-lhe de todas as vezes que o coração chorasse que a vida era ali, ali aonde não conseguiu ficar e foi feliz. E da mesma forma que abraçou aquele mundo como seu, como único, como indestrutível, baixa agora os braços à frente do fim e sente-se abraçado pela tempestade do ir e vai..

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...