terça-feira, 30 de julho de 2013

Manel Cruz - Nunca Parto Inteiramente



E de todas as vezes que partes... Não partes inteiramente.. Há sempre um momento...
Um momento que por muito longo que seja, é sempre eterno... Eterno até outro
momento... E acabas por não ir... Acabas por ficar... Volta, nem que seja por um
momento... Até ao próximo... Para sempre... Se não for tempo demais... E se por
acaso tiveres de voltar só para dizeres "adeus", não voltes... Porque eu vou guardar
o mesmo de sempre, talvez para sempre, até me esquecer... Vou guardar um momento...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Relação à distância

A única relação que ainda consigo manter à distância é com o dinheiro... Sempre muito longe para conseguir estar perto...

São noites

São noites de copos, talvez muitos, mas são noites que nos atiram para trás, para quando tudo era fácil, para quando ainda decidíamos sonhar e lutar contra a tendência, voltámos a fazer promessas, daquelas que sabemos não conseguir cumprir. Histórias de viagens, concertos, aventuras, "acidentes", imprevistos lavavam-nos a alma, enquanto uma cerveja a encharcava. Entre um trago e outro falava-se de política, percebíamos pouco, mas não é preciso perceber muito para não dizer nada, falava-se de vida, de sonhos, até se falava de tristeza com uma certa alegria. O bar, que outrora foi nosso, voltou a sê-lo, até a música parece que recuou 10 anos. Falava-se do oculto, das histórias de encantar que assustam, bruxas que os outros adivinhavam sê-lo, não se sabe se seriam, o velho juntar de fichas (moedas), que outrora também foi costume, para mandar vir mais uma rodada de 5, que não éramos mais. O sentido de humor apurado fez com que a noite voasse e com que de repente viéssemos sozinhos com as histórias, assustados, sempre à espera de ver um gato preto atravessar-se-nos à frente. Hoje devia estar cansado, estou. Mas no entanto fica a franca certeza de que valeu a pena e de que momentos destes não se repetem dia sim dia sim.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Deixar-se ficar

Ele caminhava seguro de todos os seus passos, tudo parecia fazer sentido, até não fazer. De repente, em pouco mais de muito tempo, tudo começou a desmoronar-se, afinal as opções feitas não faziam todo o sentido, algumas não faziam sentido algum que fosse. Não sabia se tinha a coragem para mudar tudo, não sabia se preferia viver como se nada tivesse acontecido. Talvez lutar pelo que havia sido perdido fizesse algum sentido, a parte mais difícil seria descobrir o que tinha sido perdido e o que ainda podia ser reconquistado. Parecia que partia para a luta em desvantagem. De qualquer forma, nunca se deve virar as costas a uma boa luta, uma luta que valha a pena e essa era a força que o movia. Para lutar, teria de mudar toda uma vida, uma vida de hábitos, teria de soltar-se de todas as amarras que o foram prendendo ao seu mundo, teria de largar o mundo que criara desde sempre. Podia, claro, continuar e deixar estar tudo como está. A ideia de mudar para não se sabe o quê assusta quando se não está mal. Por ali fica, à espera, à espera que seja tarde demais para voltar a começar e assim poder ter o argumento perfeito para se deixar ficar.

domingo, 21 de julho de 2013

Para um lutador

Sempre foste e sempre serás um exemplo de força... Um exemplo de que por muito insuportável a realidade pareça, há sempre uma saída, uma saída que te leva até esse sorriso... Desde que me lembro, a tua força e a tua vontade levaram-te mais longe que muitos outros, que se diziam mais e melhores que tu, mas falavam de espírito vazio e mente oca. Espero, francamente, que a doença te não ganhe, porque sempre me pareceste invencível!!

A ti Luís Magalhães

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Fugir

Muitas vezes o corpo e a mente perdem a razão e não sabem a diferença. Confundem início com fim, confundem bem e mal, trocam medo com excitação, alegria com angústia, amor com ódio, baralham sentimentos com acções, confundem ansiedade com vontade. E no meio de tudo isto às vezes ficamos, outras vezes fugimos. Se ficarmos temos coragem, mas se fugirmos não a perdemos. Porque o instinto é sempre fugir do perigo. Ficando arriscamos tudo no que pode não correr bem e o corpo e a mente avisam-nos de que a culpa é nossa ao ficar, porque por vontade deles tínhamos fugido.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Férias

Bom dia,

Venho por este meio, talvez um pouco impessoal, mas extremamente formal, pedir férias. Sei que vim de férias há pouco. Mas hoje, ao chegar e acrescente-se que já não era tão cedo como eu gostaria, aquando do movimento mecânico de me baixar para ligar o computador, fiquei com a ligeira impressão de que adormeci por breves segundos em cima da mesa, entre aquele espaço de tempo que o computador demora a iniciar. Há outros sinais evidentes, tais como não ter sono durante a noite, conduzir com a ideia de que a estrada  não se mexe (o que faz sentido, também estou em crer que é o carro, mas o facto de pensar que a estrada não está a andar é um nítido sinal de cansaço) o que me leva a crer que o período de férias deveria ser alargado e repensado.

Com os melhores cumprimentos,
Alguém a Cair de Sono

domingo, 14 de julho de 2013

Showcase


Em altura de Alive, parece-me que o melhor sítio para estar era este... Discreto, selectivo... Diferente...

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Talvez

Se calhar, só podes ter a certeza "do futuro", quando deixares de ter dúvidas do passado.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dos dias quentes

Era um dia quente, tal como outros tantos que já o tinham sido. Entretanto veio o frio e levou-os, levou-os para longe. Não se percebe se este dia quente foi dos que foram, se é novo, mas de uma ou outra forma, já não é tão quente como os outros. A temperatura pode ser a mesma, mas até já não nos caça de surpresa. Quase conseguimos fazer de conta que não está ali, ignorá-lo, fazer dele banal. O céu, azul rasgado sem fim à vista, é lindo. No entanto é só mais um, de tantos que já foram, perde um bocadinho por não ser diferente dos outros céus azuis. O facto de ser perfeito já não o faz especial, porque já houve muitos céus perfeitos. E tal como os dias diferentes e quentes se vão tornando iguais, talvez a vida assim o seja. E se não inventarmos nada de novo a cada bocadinho que passe, os dias dessa vida passarão a ser apenas uns atrás dos outros. Não é mau ter o céu da vida a variar entre tons de cinza e azul forte e quente. É sinal que os dias não são apenas uma compilação de dias perdidos que não têm por onde serem encontrados

sábado, 6 de julho de 2013

Non sense

"Por volta da quarta vez desisto de escrever o que quer que seja.. Não porque não faça sentido, faria... Mas há dias em que escrever seria perder uma luta que nunca foi nossa..." Diria ele, ainda meio envolvido numa realidade que lhe nao pertencia. E, no meio de uma guerra criada sem rival, perde-se sem ter o que ganhar... Perde-se com justiça aquilo que se teria ganho ainda antes de ser, perde-se o sentido antes de saber o caminho. Adivinha-se um caminho que ainda não foi e que nunca será, porque no meio de tudo, afinal não há nada.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

realidade

Podes sonhar, podes fazer projectos, podes criar expectativas, podes esperar, podes viver, mas no fim só te resta a realidade.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Ausência de escolha

Passaram uns dias... E já te arrependes. Sabes que não erraste na escolha, só escolheste o que podias ter, não te era possível escolher o que não poderia ser. No fundo não escolheste, a vida levou-te à tua escolha. Agora, ao fim de uns quantos dias apercebes-te de que voltaste a agir como se não houvesse consequências para aquilo a que chamas as tuas loucuras. Escondes-te atrás de uma cortina transparente, porque não precisas esconder que foi só daquela vez. E depois lembraste que de outra vez também era assim, é só "aquela vez" e "aquela vez" tornou-se num hábito que não conseguiste controlar. Custa-te entender que é sempre assim, que consegues controlar tudo e que no fim nem o teu próprio comportamento consegues dominar. Tonas-te num ser que não queres ser. As tuas acções voltam a ser o reflexo de um impulso que nem sempre é impulsionado por ti. Percebes que quem te faz falta até não é ela, é a falta de opção. É a tua revolta contra a não escolha, é a tua reacção contra a ausência de possibilidades. É o não poderes assumir que o resultado será culpa tua. Acabas por te encontrar num mundo do qual sempre tentaste fugir. E até foi fácil, porque tinhas mais, querias mais, conseguias esconder-te. Agora, que a escolha se fez e tu não a abraçaste sentes-te perdido e fugir não faz sentido. Deixas-te só caminhar à leve brisa do "não importa", perderes-te no "é só hoje" e agarrares-te a um "eu fico bem" que te foge sempre. E lembra-te, só passaram uns dias. Como será quando passarem meses, anos... Será que o só hoje não será um "durante muito tempo"? Tudo porque não quiseste, ou no fundo não soubeste, ou simplesmente porque não tinhas escolha.

06:34

Com o fim do dia, o cair da noite, como todos os dias. Com o noite o esquecimento, o fugir da memória. O que se fez perde-se na escuridão. Restam as memórias que se agarraram ao dia e não tiveram medo do escuro. Podem não ser as melhores mas acabas por adormecer com elas ainda acordado. E tudo não passa disto, de um adormecer acordado embalado por memórias que não são nossas... Se calhar. Ou se não são gostaríamos que fossem e aí dize-mo-nos sonhar. Os dias, esses correm uns atrás dos outros, como que se as rugas que se lhes vão surgindo fossem dos outros. O tempo, como lhe chamam, não mais é que um juntar de dias, noites. E as memórias, essas vão-se perdendo nos dias menos bons. E no fim, tudo o que resta não será mais que nada. No fim, nem as memórias ficam para te embalarem nos dias solarengos de uma vida perdida à sombra do que seria.

Praia

Acabaste por ter de ir... Bem sei que a tua vontade teria sido ficar, se não fosse tanta a vontade de ir. Agora a casa que um dia foi nossa está igual. A praia que um durante tanto tempo se nos pôs à frente continua ali, à distância dos mesmos passos. O mar, aquele que durante tantas noites nos beijou o sono, que nos embalou em noites quentes, continua ali, a beijar a praia como se fosse partir para sempre, mesmo sabendo que não vai sair ter de ir, pelo menos todo, ou inteiro. Só faltas tu e sem ti tudo não passa de mais uma praia.

Era uma vez... Um menino muito pequenino, sentado à janela do seu quarto. Dali via um pequeno riacho, umas escadas, daquelas que já não há, ...